Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Chorinho



Aracy Cortes*

Escutar a alegria e a tristeza de um chorinho,
Fechar os olhos e imaginar,
Outros lugares,
Outro tempo,
Outra pessoa,
De mãos dadas,
Com a vontade do beijo,
Com a vontade do contato,
Com a vontade de toda nudez!

Escutar a rapidez e a lentidão de um chorinho,
A dor que faz o coração explodir,
E viajar metros, distâncias,
Viajar até a alma da amada,
Que na distância,
Aguarda o beijo prometido,
Que vai aos atropelos,
Encontrá-la...

Escutar a dor e o existir de um chorinho,
Que fala de amor,
Que fala de paixão,
Que fala de sexo,
Que fala de apertos,
Que fala de graças,
Que fala de cheiros,
Que fala de tudo,
Que fala de nada,
Porque derretido na cama de amar,
Derretido no suor de amar,
Acometido da languidez de amar!

A esse chorinho, quero ouvi-lo,
Com toda sua alegria,
Com toda sua dor,
Com toda sua paixão,
Grudado na pele do amor,
Que me fará derreter,
E permanecer,
Dentro de meu amor!


Quem é Aracy Cortes, a jovem da foto?

Zilda de Carvalho Espíndola, conhecida como Aracy Cortes, (Rio de Janeiro, 31 de março de 1904 — Rio de Janeiro, 8 de janeiro de 1985) foi uma cantora brasileira.
Nascida no Estácio, foi criada pela madrinha muito severa; cresceu e mudou-se com a família para o Catumbi, aonde teve como vizinho um rapaz negro que tocava flauta, Pixinguinha, o fundador do grupo Oito batutas.
Por iniciativa própria começou a cantar em vários teatros da cidade, tornando-se conhecida pela voz de timbre soprano e o jeito personalista de cantar. O reconhecimento veio com a música Que Pedaço, de Sena Pinto (1923), e em seguida outro sucesso, Jura, de Sinhô (1928). Na esteira do sucesso e já muito enfronhada com o mundo da música, foi ela quem lançou também, na década de 1930, outros compositores, então desconhecidos: Ary Barroso e Assis Valente. Com apresentações recorrentes nos teatros de revista, que reuniam a nata do meio artístico, projetou-se como a primeira grande cantora popular, destacando-se em meio ao quase exclusivismo das vozes masculinas da época. Foi dela também a primeira audição de Aquarela do Brasil (Ary Barroso), a primeira e mais importante canção exportada para os EUA, inaugurando o gênero samba-exaltação.
Aracy revelou-se um dos maiores nomes do gênero samba-canção. Comparado ao bolero pela exploração e exaltação do tema amor-romântico ou pelo sofrimento de um amor não realizado, foi chamado também de dor-de-cotovelo ou fossa. O samba-canção (surgido na década de 30) antecedeu o movimento da bossa nova (surgido ao final da década de 1950), com o qual Maysa Matarazzo já foi identificada. Mas este último representou um refinamento e uma maior leveza nas melodias e interpretações em detrimento do drama e das melodias ressentidas, da dor-de-cotovelo e da melancolia.

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