Aracy Cortes*
Escutar
a alegria e a tristeza de um chorinho,
Fechar
os olhos e imaginar,
Outros
lugares,
Outro
tempo,
Outra
pessoa,
De
mãos dadas,
Com
a vontade do beijo,
Com
a vontade do contato,
Com
a vontade de toda nudez!
Escutar
a rapidez e a lentidão de um chorinho,
A
dor que faz o coração explodir,
E
viajar metros, distâncias,
Viajar
até a alma da amada,
Que
na distância,
Aguarda
o beijo prometido,
Que
vai aos atropelos,
Encontrá-la...
Escutar
a dor e o existir de um chorinho,
Que
fala de amor,
Que
fala de paixão,
Que
fala de sexo,
Que
fala de apertos,
Que
fala de graças,
Que
fala de cheiros,
Que
fala de tudo,
Que
fala de nada,
Porque
derretido na cama de amar,
Derretido
no suor de amar,
Acometido
da languidez de amar!
A
esse chorinho, quero ouvi-lo,
Com
toda sua alegria,
Com
toda sua dor,
Com
toda sua paixão,
Grudado
na pele do amor,
Que
me fará derreter,
E
permanecer,
Dentro
de meu amor!
Quem é Aracy Cortes, a jovem da foto?
Zilda de Carvalho Espíndola, conhecida como Aracy Cortes, (Rio de Janeiro, 31 de março de 1904 — Rio de Janeiro, 8 de janeiro de 1985) foi uma cantora brasileira.
Nascida no Estácio, foi criada pela madrinha muito severa; cresceu e mudou-se com a família para o Catumbi, aonde teve como vizinho um rapaz negro que tocava flauta, Pixinguinha, o fundador do grupo Oito batutas.
Por iniciativa própria começou a cantar em vários teatros da cidade, tornando-se conhecida pela voz de timbre soprano e o jeito personalista de cantar. O reconhecimento veio com a música Que Pedaço, de Sena Pinto (1923), e em seguida outro sucesso, Jura, de Sinhô (1928). Na esteira do sucesso e já muito enfronhada com o mundo da música, foi ela quem lançou também, na década de 1930, outros compositores, então desconhecidos: Ary Barroso e Assis Valente. Com apresentações recorrentes nos teatros de revista, que reuniam a nata do meio artístico, projetou-se como a primeira grande cantora popular, destacando-se em meio ao quase exclusivismo das vozes masculinas da época. Foi dela também a primeira audição de Aquarela do Brasil (Ary Barroso), a primeira e mais importante canção exportada para os EUA, inaugurando o gênero samba-exaltação.
Aracy revelou-se um dos maiores nomes do gênero samba-canção. Comparado ao bolero pela exploração e exaltação do tema amor-romântico ou pelo sofrimento de um amor não realizado, foi chamado também de dor-de-cotovelo ou fossa. O samba-canção (surgido na década de 30) antecedeu o movimento da bossa nova (surgido ao final da década de 1950), com o qual Maysa Matarazzo já foi identificada. Mas este último representou um refinamento e uma maior leveza nas melodias e interpretações em detrimento do drama e das melodias ressentidas, da dor-de-cotovelo e da melancolia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sentir, Pensar, Expressar! A Intenet tornou possível a qualquer homem, a qualquer mulher, expressar tão livremente seu pensamento e seus sentimentos, quanto o são em realação ao seu existir! Eis o resultado!