Em Defesa do
Preconceito
a necessidade de se ter
ideias preconcebidas
Theodore Dalrymple
Sinopse:
No
pensamento atual, ter preconceitos (aceitar ideias como verdadeiras, sem
questioná-las) significa ser racista, bitolado e retrógrado (dentre outros
adjetivos), quando o ideal seria todos serem livres-pensadores e questionarem
tudo que lhes ensinam. Nesse livro, porém, Dalrymple aponta que a verdadeira
razão para o surgimento desse ideal de liberdade de pensamento é que não
queremos ter nossas ações restritas; desejamos poder fazer o que bem
entendemos, quando bem entendemos. Influenciados pelo racionalismo de Descartes
e Mill, rejeitamos qualquer autoridade sobre nosso comportamento moral, seja
essa autoridade a religião, a história ou as convenções sociais, e isso faz com
que percamos importantes reguladores de comportamentos antissociais. Se não nos
autopoliciarmos, a lei é a única força que pode conter nossos comportamentos
antissociais e os conflitos resultantes – o que muitas vezes faz com que
governos se tornem autoritários.
O que penso:
Theodore Dalrymple em
mais um livro fundamental nos coloca situações que se pensássemos bem, não
teríamos a menor dificuldade de reconhecer a absoluta verdade de suas
colocações. Em primeiro lugar, defendo há muito tempo e muito antes de entrar
em contato com a obra do ilustre psiquiatra inglês que não é possível conceber
um ser humano despido de preconceitos. Que todos os temos, o problema é como
diferenciar aqueles bons dos que são maus.
Um aspecto relevante do
pensamento dele também é assinalar que o preconceito de que todos têm de ter
condições iguais desde o nascimento, que a igualdade é um valor em si, é o
caminho mais curto e perigoso para o totalitarismo. A igualdade é sem sombra de
dúvidas a fonte de todos os equívocos da esquerda. O pensamento de Rousseau é a
fonte de perversas construções que vêm a sociedade como a culpada de nossas
limitações e fracassos, e que as leis têm o dever de equalizar os homens.
Ora, o preconceito
contra a hierarquia, contra o mérito, contra a diferença é a outra face da
moeda de preconceitos contra a liberdade, contra o pensamento livre e contra o
exercício do mérito.
Os livros hoje
publicados pela É Realizações Editora têm quebrado o paradigma do pensamento de
esquerda no Brasil. Podemos respirar agora os que advogam o mérito e a
liberdade como ordenadores de uma sociedade sadia. O Estado Social de Direito
nada mais é que uma ditadura disfarçada, um populismo às custas das forças
vitais da nação, que promovem sempre este lamentável espetáculo de
nacional-desenvolvimentismo populista, fonte de atraso e de fracasso históricos
no Brasil.
Os preconceitos são
inerentes à forma de pensar e agir do humano, e quando buscamos suprimir um,
devemos raciocinar longamente sobre aquele que será erigido em seu lugar. Como
Dalrymple assinala, ser contra preconceitos é um preconceito, com a gravidade
de que se julga politicamente correto e parte de um princípio espúrio que é a
igualdade, coisa que a natureza não só não garante aos seres humanos, como
busca evitar, já que a seleção natural, como todos sabemos busca exatamente
preservar apenas e tão somente os mais aptos.
Acentua ele de forma
correta que a ciência cartesiana tinha entre seus paradigmas que toda verdade
deve ser questionada. Este paradigma da ciência aplicada aos valores sociais,
desconstruiu todos os sistemas de sustentação da hierarquia, do mérito, do
valor, porém, em última análise, a própria afirmativa de que toda verdade deve
ser questionada, põe em questão a verdade de que deva se questionar todas elas.
Para todos aqueles que
sabem pensar, para todos aqueles que não se conformam com uma igualdade fundada
no direito sem limites, que pugnam pelo valor e pelo mérito, as obras do
psiquiatra inglês são um momento de raríssima possibilidade de desossar o
pensamento dominante na intelligentsia brasileira, que insiste no bom mocismo
da esquerda, produtora de estados de exceção, que suprimem liberdades em nome
da distribuição de miséria.
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