Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Cenas da História





Cenas da História
Os Fatos que Modificaram os Rumos da Humanidade
Marcelo Ribeiro

Sinopse:

Este é um convite para o leitor voltar ao passado e conhecer momentos decisivos da história: o julgamento de Sócrates – a última grande conquista de Alexandre – Júlio César cruzando o Rubicão para conquistar Roma – Jesus pregando o Sermão da Montanha – como as águas que batizaram Clóvis fizeram nascer o reino da França? – por que foi construída a Basílica de São Pedro? – qual foi a mais brilhante das conquistas de Napoleão? – quem deu o maior golpe financeiro de todos os tempos? – o fim da Era Vitoriana e o nascimento do século XX – os combates aéreos do Barão Vermelho – como Londres resistiu aos bombardeios nazistas? – Gandhi levantando a Índia na Marcha do Sal – qual era o sonho de Martin Luther King? – o herói solitário que enfrentou uma fila de tanques de guerra na imagem que resume o século XX. Uma viagem no tempo, este livro é a janela pela qual essas e outras Cenas da História passarão diante de seus olhos.

O que penso:

Muitas vezes nos surpreendemos negativa ou positivamente com um texto. Quando vi este livro na prateleira, compulsei os temas que abordava e acreditei que realmente os pequenos ensaios, que necessariamente deveriam ser superficiais e despretensiosos, seriam uma boa leitura para diminuir o estresse. Ledo engano. O livro comete lamentáveis erros históricos, traz citações não referenciadas, coloca o Rio Sena onde deveria estar o Rio Marne, afirma situações falsas, como a criação da França pelo batismo de Clóvis, que Constantino tenha tornado o Cristianismo a religião oficial do Império Romano, sem sequer fazer menção ao Edito de Milão de 313 que na realidade apenas tolera a religião, tornada oficial apenas por Teodósio. Mas para não ser cruel, vou me ater apenas a um dos relatos, talvez dos mais lamentáveis. O de Dona Inês de Castro. O texto mistura lenda, tradições orais e história para construir um pastiche digno de Frankenstein. A Rainha Constança não morreu quando teve seu único filho, o futuro rei D. Fernando, o pai de D. Pedro I não foi contra o casamento deste com D. Inês de Castro, mas muito pelo contrário o incitou a isso para a legitimação de sua prole com a amada, tornando ambíguo o comportamento do varão real. Mais que isso, a guerra civil, desencadeada após a morte de D. Inês entre pai e filho, estava nos planos deste e de seus cunhados castelhanos. A cena do beija-mão da rainha morta é lenda, mito forjado a partir de uma tradição popular do amor cortês que abrilhantou a prosa e a poesia do medievo. Até porque a situação seria inusitada, morta em janeiro de 1355, não seria possível seus cabelos ruivos caírem sobre a face que guardava um riso renascentista em agosto de 1361. Há outros tantos equívocos, como menções ao Evangelho segundo o Espiritismo ou a invocação do pobre São Luis IX, que deve ter se revirado no túmulo quando tal sandice foi escrita ou defendida. Enfim, o livro todo é um equívoco, com erros grosseiros de ambientação histórica, que não resistem a um pouco de atenção a historiadores como Le Goff, Duby, Joaquim Veríssimo Serrão, Braudel, Pernaud e muitos outros. Os erros não permitem sequer que a obra seja fonte de inspiração, na medida em que reproduz lugares comuns equivocados e sem sustentação na historiografia. Muito triste que tenha alcançado publicação.

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