Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O Carro do Povo





O Carro do Povo
Bernhard Rieger

Sinopse:

Entre 1938 e 1968, o Fusca - e apenas o Fusca - exerceu um tremendo apelo sobre consumidores de todo o espectro político, da extrema direita até a extrema esquerda. O seu charme, porém, não chegou ao fim com o encerramento da fabricação. Centenas de milhares de pessoas se reúnem todos os anos para exibir, admirar e dirigir seus belos e bem conservados Volkswagens. Desde 1998, a adoração pelo VW original vem impulsionando as vendas do New Beetle, o primeiro de muitos lançamentos da indústria incentivados pela nostalgia automotiva. A aura do Fusca, no entanto, transcende a mera funcionalidade. Em um mundo saturado de ferramentas voltadas para a praticidade do dia a dia, pouquíssimas mercadorias são capazes de inspirar a afeição despertada pelo Volkswagen. Examinando as relações tênues e mutáveis entre o corpo material do carro e seus significados sociais mais maleáveis e abstratos, é possível extrair a essência da evolução do Fusca de um sonho intangível para um ícone global.

O que penso:

O livro de Bernhard Rieger não tem a intenção de descrever minuciosamente os modelos, alterações mecânicas, estéticas e técnicas pelas quais o carro do povo passou nos mais de 65 anos de sua existência. Criado por Ferdinand Porsche entre 1936 e 1938, tendo sido apresentado em sua forma definitiva a Adolf Hitler em 1939, nunca chegou a ser produzido na fábrica de Wofsburg, construída pelo Regime nazista na Baixa Saxônia. No entanto, seus derivados foram à guerra nas estepes russas, nos desertos do norte da África e se espalharam pelos vários teatros de guerra, alicerçados por sua robustez, simplicidade e eficiência mecânicas. Terminada a Guerra, a Inglaterra deu alento à fábrica que não tinha dono e se encontrava a apenas 48 Km da fronteira com o setor soviético, e é este alento, é esta visão de mundo que permite o nascimento do mito em torno do pequeno carrinho. Rieger não descreve um objeto material, mas antes, faz um apanhado cultural que tenta explicar o fenômeno de que um veículo simples e pequeno, tenha se tornando e se identificado como o carro nacional de alemães, mexicanos, americanos, brasileiros e muitos outros. Suas linhas, herdeiras do Tatra T97 tchecoslovaco, foram um fenômeno que povoou o imaginário de gerações e parece ainda não ter esgotado o seu poder de sedução. Tanto assim que o neto de Ferdinand Porsche, Ferdinand Piëch foi o responsável pela emulação do mito automobilístico com a criação do New Beetle em 1998, que deu origem, por conseguinte, à febre de revivals de modelos clássicos, como o Fiat 500, o PT Cruiser e outros. Um livro inteligente que discute o automóvel que se tornou mito e povoa ainda nosso imaginário com suas linhas simples e simpáticas.

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