Não deveria

Amar nunca deveria ser um tormento,

Mas nosso coração sempre treme,

Sempre sente, uma perturbação,

Um desassossego, quando é tangido

Por este inexplicável sentimento!

Sentimos em cada momento,

Uma agonia grave, angustia,

Uma inquietação que torna a vida,

 Mais intensa, mais penosa de ser vivida!

Mas para lograr contentamento,

Há que buscar sempre a presença,

Do objeto de amar sentido,

Ao arrepio de juízo e pensamento!

Quanto mais ternura,

Quanto mais carinho,

Mais intenso o choro,

Mais divino o pertencimento!

E se consigo em algum momento,

Uma certeza fugaz de permanência,

Basta-me este convencimento,

Para afastar todo receio e perdimento!

Todo momento que me contraria,

O amor me causa indizível sofrimento,

Mas se persevero e me sustento,

É porque sem o amor não há alento!

Não há lógica que me explique,

Porque o que é do amor não habita,

Nem o cérebro, nem o fígado,

Mas tão somente o sentimento!

O sentimento, que sofro, em silêncio,

Habita o coração que marca o passo,

Do tempo que vivo, para suplicar favor,

Daquele amor que te tenho!

Não! Não há razão que o justifique,

Nem destino que se tenha marcado.

Mas o que me explica eternamente,

É a felicidade que sinto junto do amado!

E assim caminho pela existência,

Sentindo apenas o que amor me obriga,

Não lamento nem desdenho, meu sofrimento,

Mas acredito ao fim, no eterno acolhimento!