Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

terça-feira, 26 de março de 2013

Pensar como Liberdade


 



A melhor coisa do pensar é a liberdade que temos de escrever sem nenhuma limitação, sem nenhuma preocupação, sobre o que nos passa em cada momento!

Quando leio, devaneio todo o tempo, imaginando personagens, reconstruindo lugares e povos, desenterrando tesouros passados, que ficam escondidos sob a pátina do tempo! Devaneio, sem a preocupação de imaginar-me sábio, de estar sendo julgado pelo que penso, preocupado apenas com o prazer de saber, que as coisas que leio e imagino, fazem parte dos meus sentimentos, de minha razão e em última análise me constroem como existente!

Leio muito, penso muito, mas não porque queira saber mais que qualquer um dos sete bilhões de humanos que existem no planeta, mas porque gostaria de pensar tudo, que todos pensam, todo o tempo! Haveria alguma utilidade? Certamente nenhuma, mas isso me tornaria mais humano, mais pertencente à tribo global que faz parte de mim e eu dela!

Ânsia, ânsia de pensar, de ter tempo para ler, de quedar-me inerte sobre a cadeira com milhares de páginas, que me convidam a fundir-me nas letras que impregnam o papel! Cada minuto longe dos livros, longe das intermináveis páginas que escrevem a história da humanidade em cada palavra, me sinto abandonado, exilado de mim mesmo, como se fosse a mais penosa e cruel das punições!

Liberdade, não é quimérica, não é utópica, é vivida em cada pensamento, em cada insanidade, em cada forma de não estar preso a nada, a não ser ao desejo de ficar só, quieto, irredutivelmente abandonado em si mesmo!

A liberdade não é excludente, ela é companheira de outras liberdades, que habitam cada um de nosso iguais, a liberdade é ato de adoração, é ato de devoção, que pode ser compartilhada, jamais roubada ou subtraída!

Ser livre é crer que os dogmas não fazem sentido, e que convencer o outro de suas próprias convicções é uma violência inominável, é acreditar que minhas certezas, tão precárias certezas, não sobrevivem nem mesmo ao que eu penso e sinto! Minhas incoerências são antes de tudo, um alerta sobre o dever de permitir a todo outro, que seja igualmente incoerente, que não precise professar tal ou qual religião ou filosofia, porque se houvesse apenas uma religião verdadeira, não existiriam quaisquer das falsas. Se houvesse uma única filosofia, que como sistema, tudo explicasse, desnecessária seria toda e qualquer outra filosofia!

A liberdade como princípio não admite modulação, não admite qualquer forma de equilíbrio com qualquer outro princípio, porque se à liberdade opusermos o princípio da vida, basta saber que, sem liberdade a vida não merece ser vivida!

Liberdade, sentida como radicalidade, liberdade como realização plena, única e estruturante do existente! Liberdade que é a expressão e a medida da eternidade de nossa existência no quanto pensamos!

Liberdade, conquista dolorosa da consciência do nosso existir!

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