Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

terça-feira, 1 de março de 2016

À Deriva






Sinto-me como um imenso barco, que navega a história,
Que avançou por muitos oceanos, aportou em muitos continentes,
Mas que em determinado momento, perdeu o leme,
Perdeu os motores, e ficou à deriva...

Como um gigantesco barco habitado por fantasmas de mim,
Fico mirando o oceano, sem fim, que se estende,
Em todas as direções ao infinito, sem margem que se afigure,
Segura para aportar.

Mas mesmo que a houvesse, não há como impulsionar o navio,
Sem motor, sem leme, apenas habitado pela angústia,
A angústia de amar e ser amado,
De desejar e ser desejado...

Muitas vezes meu pensamento navega nas milhares de páginas de livros,
Que se oferecem à minha existência como portos seguros,
Mas ao fechá-los, percebo que continuo à deriva,
Continuo à deriva de mim, com a dor de pensar como pano de fundo.

Sinto-me à deriva tanto tempo, que estou exausto,
Exausto de mim, exausto de minhas insuficiências,
Exausto de acreditar, exausto de procurar,
E só então me dou conta, de que permaneço, incólume mas corrompido.

Sim, a ferrugem do abandono, corrói minha existência,
O desmonte de minhas certezas, despedaçam o convés...
Corrompe-me as fibras a falta de amor e de cuidado,
E então, já não há mais que perguntar apenas...

Quanto tempo ainda... à deriva?

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