Quando
da criação do SNI o coronel, reformado general, Golbery do Couto e Silva disse
ter criado um monstro, não como arrependimento, mas como constatação.
Golbery
ainda em sua lucidez política ensinava na Escola Superior de Guerra que todos
deveriam olhar com atenção para Lula da Silva porque um dia talvez tivessem que
bater continência para o barbudo metalúrgico. E alertava, melhor bater
continência para ele que facilmente seria cooptado e tinha convicções cristãs
domesticáveis, do que cair nas mãos de líderes mais ideológicos e mais
radicais.
A
FOLHA constatou que o órgão já extinto, destruiu após o fim da Ditadura Militar
mais de 19 mil documentos, incinerando-os. Ora, todos sabemos que só o fogo
purifica, porque o único capaz de destruir toda a identidade, a lembrança e a
prova de malfeitos.
Para
o truculento Newton Cruz, o general que chefiava o inteligente serviço, tudo
foi feito de acordo com a lei. Na Alemanha Nazista também, tudo era feito de
acordo com a lei, nada para além da lei, e apenas conforme a lei. A pena é que
não seremos mais capazes de ver o que os inteligentes e capazes agentes
levantaram sobre pessoas tão perigosas e subversivas como João Cabral de Melo Neto
e o eterno bardo de Ipanema, Vinícius de Moraes. Uma pena, porque quem já teve
acesso aos arquivos, ficará estupefato com a beleza das peças produzidas por
aquele órgão especializado.
Documentos
como o sintomático "Tráfico de Influência de Parente do Presidente da
República” e aqui se falava de Emílio Garrastazu Médici, presidente entre 1969
e 1974, desapareceram, apenas não desapareceram os cascos e mastros de barcos
afundados em Laguna em Santa Catarina, onde havia a produção destes por um
filho do presidente com dinheiro do Fundo do Trabalhador, segundo crença
popular local.
Ao
destruir os arquivos o serviço de inteligência trabalhou bem na busca de
proteger os torturadores e violadores do direito e da dignidade humana.
Realmente foi a única operação de sucesso do órgão, o que devemos reconhecer,
posto que ficamos sem saber informações importantes sobre pessoas que
encontrávamos na faculdade e que acreditávamos que eram líderes estudantis, lá
permanecendo até 10 anos, mas que nunca eram jubilados. Hoje respeitáveis
profissionais, alguns até incensados, não se envergonham, porque seu passado
virou literalmente cinzas. Estes os encontrei no curso de Medicina da UFPR
entre 1979 e 1985.
Como
sabemos a justificativa para a destruição foi administrativa, burocrática,
simplória mesmo porque para os grupos de opressão política havia necessidade de
destruir documentos para arranjar espaço para novos arquivos e fichas. Afinal
na época já havia 90 milhões de brasileiros para expionar.
A
burocracia tem uma lei infalível. Sempre que criada ela se multiplica
indefinidamente, ampliando seu poder, seu custo e sua extensão. Veja-se o
recente monstro jurídico CNJ!
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