Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Quem ainda não sabia?




Durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso, o modelo de tratamento da AIDS no Brasil sempre foi tido como modelo de política de saúde pública em todo o mundo.
Veio o Governo Lula da Silva, e como ele sempre diz, pela primeira vez na história deste país temos um programa que é tido ainda como um modelo de política de saúde no que tange ao tratamento e prevenção da Aids, mas agora ele vive uma fase de declínio, no tempo que ficou marcado pela homenagem a Lula da Silva em 2010 pelo programa, que já mostrava o seu abandono.
Verdade é que o programa hoje precisa de um "replanejamento", alertam especialistas do setor. Um destes experts, Pedro Chequer coordenador no Brasil do Unaids, o programa da ONU contra a Aids, esclarece:
"O programa brasileiro tem que ser revisitado. Deve haver uma reflexão profunda sobre a nova realidade da epidemia do país, e um redesenho das estratégias com vistas ao acesso universal (ao tratamento)".
Uai! Mas já não existia este acesso Universal? Ou o decreto indecente da Presidente que vetou o acesso de quem não é atendido no postinho de saúde aos medicamentos da rede pública também se aplicou ao tratamento da AIDS? Ou ainda, precisa o programa de reflexão profunda, mas como se neste governo do PT não há reflexão alguma, planejamento algum?
Sinto dizer, mas enquanto Lula da Silva estava sendo premiado pela obra de FHC, os especialistas dizem:
"Não podemos ficar na percepção de que o programa caminhou bem e está bem. Temos desafios novos e eles têm de ser enfrentados."
Não podemos, mas já ficamos, por quê? Ora, porque num governo fascista o que manda é a propaganda. Hoje temos no Brasil como presidente a mãe do PAC, como se todos fossemos órfãos e acéfalos. Só que o PAC 1 foi um fracasso, e o PAC 2 não saiu sequer das especulações. Bem dizia Goebbels, repetir uma mentira mil vezes, é fazê-la verdade. Taí o segredo de nunca antes na história deste país!
Importante assinalar e não esquecer nunca, que o Programa Nacional DST/Aids começou a chamar a atenção do mundo em 1996, quando o Brasil se tornou o primeiro país em desenvolvimento a determinar, por lei, o acesso universal à terapia antirretroviral. Quem era o presidente? Fernando Henrique Cardoso.
Entre 2003 e 2005, o modelo de tratamento e prevenção criado no Governo FHC, vamos repetir, FHC, foi reconhecido por prêmios da Fundação Bill e Melinda Gates, da Organização Mundial da Saúde e da Unaids. Os resultados costumavam ser apresentados em encontros internacionais, como a Conferência Internacional de Aids, em andamento até sexta-feira em Washington.
Mas de repente, não mais que de repente, a imagem positiva que se mantém, não consegue obscurece o aumento das denúncias de organizações da sociedade civil que vem alertando para uma realidade mais dura no âmbito local, de desorganização, falta de planejamento, estagnação científica e da prevenção.
Como sempre na história deste país, reforçado pelo Lulo-petismo fascista, verificamos que os problemas que vêm sendo apresentados consistem em falta de médicos, leitos e exames para os pacientes; de medicamentos para tratar doenças causadas pelos antirretrovirais; de recursos para ONGs (não para aquelas que desviam dinheiro para os políticos do partido do governo é claro!); bem como episódios de desabastecimento do coquetel em postos de saúde, obrigando os pacientes a interromper o tratamento, o que é rematado assassinato.
Quando vemos as constatações do pesquisador Eduardo Gomez, da Universidade Rutgers de Camden, em Nova Jersey, fica claro que a história de sucesso do programa brasileiro de Aids entrou em declínio nos últimos anos por fatores como a saída de recursos internacionais e o enfraquecimento da relação entre o governo e a sociedade civil. Que coisa surpreendente, enfraquecimento do governo popular, que faz tudo como nunca antes na história deste país, e que vira as costas para a sociedade civil, porque pedante, desorganizado e absolutamente sem rumo. Mas vejamos o que ele diz:
"Historicamente, o programa de Aids brasileiro tinha uma conexão forte com as ONGs, mas agora elas estão sem recursos e sem motivação. O governo precisa delas para conscientizar populações difíceis de atingir".
Não fosse uma constatação vergonhosa, seria de se perguntar qual a pena para os criminosos que expões assim a vida dos brasileiros.
Farta está a constatação do descaso político com que o PT vem tratando os doentes de AIDS e a política de prevenção, e podemos assinalar que o psicólogo Veriano Terto Júnior, coordenador-geral da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), denuncia um desmantelamento na resposta brasileira à Aids.
"As pessoas estão morrendo, as ONGs estão fechando as portas, os hospitais estão terríveis e o governo federal está censurando suas próprias campanhas".
O Governo do PT não é republicano, o Governo do PT sucumbe a pressões evangélicas numa confusão indecente entre Estado e Religião, que se mostra a cada dia, mais intensa e que por tal, traz cada dia, mais sofrimento, numa atitude irresponsável. Ao mesmo tempo em que o Governo do PT estimula o racismo, privilegia o preconceito. Como não temos oposição, a cada dia o nosso povo tem mais a saúde que merece, ou seja, nenhuma!
Cabe salientar que segundo o IPEA/DISOC enquanto em 2000 no governo FHC o Governo Federal investia 1,6% do PIB em saúde, já em 2005, no governo Lula da Silva o percentual foi minguado para 1,1% do PIB. Agora sabemos por que, o que nunca deixamos de suspeitar, vem acontecendo com a piora dos indicadores de saúde.
Um governo desgovernado, sem planejamento, só pode viver de propaganda. Mas os números não mentem!

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