Recentemente
Luiza Erundina após ter sido indicada para vice-prefeita na chapa do
ex-Ministro Fernando Haddad, renunciou à indicação e coerentemente o fez pela
aliança espúria de Lula da Silva com Paulo Maluf.
O
fato é que Luiza Erundina que já havia deixado o PT por motivos de incoerência
ideológica do partido e por ter sido considerada persona non grata no partido na medida de sua consistência
ideológica, de seu compromisso com as ideias historicamente defendidas pelo
partido.
Será
que alguém se indignou com a atitude de Lula da Silva? Será que alguém ainda
tem uma reserva de perplexidade para com os atos do ex-presidente? Com todas as
ações que demonstram uma grande avidez pelo poder, e um completo descaramento e
amoralidade, não há que se surpreender ou se indignar com as atitudes do
ex-presidente metalúrgico.
Não
acredito que haja maior simbolismo na atitude provocadora de ir à casa de Maluf
com o bom mocinho para pedir apoio e voto. Afinal de contas, Dilma antes de ser
eleita presidente nunca foi eleita absolutamente nada, nunca pertenceu ao PT
antes de fazer parte do ministério de Lula da Silva, e por fim o projeto
pessoal do ex-presidente está acima de qualquer consideração ideológica ou de
amadurecimento das instituições políticas da nação.
Os
nobres sentimentos de Erundina de que cabe ao líder elevar a consciência e a
politização da sociedade nunca, repetimos, nunca esteve nos horizontes do PT
real, e principalmente de Lula da Silva. Daí que a busca de conquistar o poder
político do município para colocá-lo a serviço dos setores populares menos
favorecidos é uma utopia, está fora do projeto de partidos que constroem
projetos de poder, de perpetuação no poder.
Não
há, nem haverá perspectiva de mudanças do ordenamento político porque este
serve hoje à instrumentalização do Estado pelo PT e seus asseclas. O projeto
político de José Dirceu foi construído com imenso esmero e eficiência, e está
calcado na doutrina de Nikos Poulantzas. Ora, se não consigo alterar a
estrutura jurídica do Estado sem assaltá-lo, preciso primeiro dominar as
instituições. Em seguida corrompê-las para que se prestem a uma mudança de
instrumentalização, e por fim submeto a sociedade aos ideais elevados da nomenklatura.
A
afirmação constante da necessidade de uma reforma política é no Brasil uma
mesma e repetida história das dificuldade educacionais que existem desde a
primeira república, das dificuldades tributárias, existentes desde 1946, da
fragilidade das instituições desde 1889. Ou seja, fala-se muito, escreve-se
muito, legisla-se muito, para que tudo fique exatamente como antes.
O
PT ao chegar ao poder completamente descaracterizado, completamente civilizado
e domesticado, vendeu sua alma, e entregou-a em pira olímpica, onde todos os
sonhos de construção de uma democracia plena e responsável, foram sacrificadas
pelo pragmatismo de ocupar e diluir o Estado, dentro do partido. Como todo bom
e velho esquerdismo, não há interesse em mais democracia, em mais participação,
mas na criação de um imenso Estado, ordenado, dominado e a serviço de uma
facção política que fala em nome do POVO, seja lá quem for este povo!
Parlamentares
jamais ensejarão mudanças do processo político, porque eleitos por ele. Vamos
deixar de ser ingênuos, qualquer alteração do processo político pode se tornar
mortal para Waldemares da Costa Neto, para Josés Sarney, para Barbalhos,
Severinos, Tiriricas e outros.
Como
foi bonito a criação da tal Frente Parlamentar pela Reforma Política com
Participação Popular, composta por deputados e dezenas de entidades da
sociedade civil, aquelas mesmas que para receber dinheiro público estão
vinculadas aos mesmos deputados que querem mudar o sistema político. Quem
acredita nisso depois dos escândalos de desvio e malversação de verbas por ONGs
em todo o Brasil. E mais, depois de levantar a ponta do véu que cobre o
Iceberg, por que a imprensa se calou e os partidos não conseguiram levar em
frente uma CPI?
Tais
esforços se frustraram e hão de frustrar-se sempre porque o Estado brasileiro
está a serviço de estamentos e oligarquias que podem se acomodar, mudar de
feições, mas são poderosas no momento de cooptar, de mimetizar, e hoje Lula da
Silva foi não só cooptado, mas mimetiza e se integra a oligarquias. Não
esqueçamos que Lula da Silva é pai de filhos italianos, já que dona Mariza
responsavelmente procurou a nacionalidade daquele país para seus filhos “para
lhes garantir o futuro”.
Na
realidade a indignação de Erundina é bonita de se ver, é um momento especial de
coerência e dignidade política, mas infelizmente é ato isolado, é ato que não
corresponde, infelizmente, à índole do brasileiro médio que só quer se dar bem.
Sinceramente,
entre Lula da Silva e Paulo Maluf, sou muito, mas muito mais Paulo Maluf, que
em confissão pública, se disse acertadamente, muito mais comunista que Lula da
Silva.
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