Foi
o acaso, eu sei, talvez não tão acaso, mas não sei.
Era
como que meia noite, achei-te, ou melhor achaste-me,
Aceitei
o encontro, assim, perdido na madrugada, despretensioso,
Mesmo
que desconfiado.
Mas
foi então que me surpreendeste,
Bela,
jovem, encantadora,
Escrevias
com uma correção, com uma beleza,
Que em
nada lembrava a enfadonha algaravia,
Dos jovens
que teclam desprezando sua língua!
Foste,
de maneira delicada e tranquila,
Fazendo
revelações, sérias, sentidas,
Verdadeiras,
que não entendi,
Nem
como propaganda de uma forma de ser,
Nem como
desabafo em desdouro de mim!
Acaso,
que só é permitido pelo estranhamento,
Sincero
e delicado, de quem acredita no outro,
Mesmo
que o outro ainda não saiba como é
O mundo,
Você,
A fome,
A dor,
O abandono...
Enfim,
mesmo que o outro ainda guarde uma inocência,
Dentro
de um mundo determinado pela violência!
Acaso,
tanto acaso, que não sei o que fazer,
Com a
paixão benigna que despertastes em mim!
Vivi
mil vidas,
Acordo
para mais mil todos os dias,
E todos
os dias sei que viverei outras mil!
Mas
o acaso, ainda assim traz-me surpresas,
Tão densas
e agradáveis,
Tão prenhes
de fortuna,
Promissoras
de prazer e felicidade!
O
que pode ser de mim,
Se encontrar-me
com você,
Fizer
de mim um outro?
O
que pode ser de mim,
Se ao
ler o que escreves,
Como
escreves,
Teus
carinhos, tuas discrições,
Teu encantamento,
Tua leveza,
Me seduzirem,
até tornar-me
Eu e
tudo que sou...
Devoto
de tua presença!?
Sim,
devo tomar todo cuidado,
Porque
seduziste-me pelo que escreves,
E escreves
como alguém culta,
Elegante,
inteligente...
Sei
não, mas acho que me prendestes
Apenas
porque sabes escrever!
Porque
sabes ser, aquela que eu gostaria de ler,
De ouvir,
de viver!
Venha
e escreva em minha vida...
Escreva
uma página tão bela,
Porque
digna de ti,
E que
marque minha vida,
Apenas
pelo que nela escreveu!
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