Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Os Dez Mandamentos (+ um)


Os Dez Mandamentos (+ um)
Se Luiz Felipe Pondé



Sinopse:

Para judeus e cristãos, os Dez Mandamentos constituem o núcleo da mais elevada espiritualidade. Formulados por Deus a Moisés, eles fixam as leis que devem reger a relação das pessoas entre si e com o sagrado. Nesse livro, o filósofo Luiz Felipe Pondé analisa, um a um, os mandamentos e reflete sobre sua importância para o povo bíblico e seu significado para a humanidade, ontem e hoje. Guiado pelos ensinamentos dos sábios hebreus e dos maiores pensadores modernos, como Nietzsche e Kierkegaard, o filósofo lança nova luz sobre questões essenciais, como o amor, a amizade, a família, a política, a morte e, sobretudo, Deus e o valor da vida espiritual. Para Pondé, a espiritualidade é uma "questão urgente", pois ela caminha para o desaparecimento, à medida que a religião vai sendo transformada apenas em um meio de obter felicidade e sucesso. Neste mundo imerso na banalidade e no vazio, é também urgente recuperar a esperança na vida - motivo que leva o filósofo a formular, audaciosamente, um décimo primeiro mandamento.

Minha Opinião:

Diferentemente dos livros anteriores de Pondé em que ele se manifesta de maneira a contrariar certezas e criar conflitos na unanimidade do politicamente correto, uma leve tendência teísta de seu pensamento que já se manifestara no “Contra um mundo melhor” parece agora se consolidando, em flagrante conflito com sua insistência em dizer que não tem fé. Suas reflexões são de um homem de fé, e mais que isso, invocando uma tradição judaica, erudita e intelectualizada. Do cristianismo faz poucos, mas importantes apontamentos, que tornam mais compreensível os objetivos que pretende alcançar. Na página 105 faz o que considero uma afirmação muito temerária: “Sem culpa, portanto, não existe vida moral, que só respira quando a possibilidade do “inferno” (como signo do sofrimento moral) de fato existe. Diante do niilismo não existem culpados.”
Não acredito na culpa como elemento fundamental da existência de uma vida moral, Onfray, Sartre, Kierkegaard, Russell e outros filósofos nos permitem uma vida moral que prescinde da noção de culpa, ancoradas na noção de responsabilidade. Mais do que acreditar numa possibilidade da existência da vida moral sem a crença em Deus, tais filósofos nos permitem sim antever e perceber que a vida moral não pode depender de um ser projetado para além de nós mesmos. A vida tem magia, beleza e valor por si mesma, pela sua liberdade, pela sua possibilidade infinita de realização.
Quase um livro doutrinário que se compreendido com os últimos textos de Pondé, que têm sofrido uma guinada, abandonando a independência e se submetendo a modelos e estereótipos que apenas reforçam a alienação do sujeito, mostram que o autor pode estar sofrendo uma conversão a la G. K. Chesterton. Aliás, os últimos textos de Pondé quase que podem ser inseridos na boa tradição de “O que há de errado com o mundo”, que vale a pena ser lido.

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