Os Dez Mandamentos (+ um)
Se Luiz Felipe Pondé
Sinopse:
Para judeus e cristãos, os
Dez Mandamentos constituem o núcleo da mais elevada espiritualidade. Formulados
por Deus a Moisés, eles fixam as leis que devem reger a relação das pessoas
entre si e com o sagrado. Nesse livro, o filósofo Luiz Felipe Pondé analisa, um
a um, os mandamentos e reflete sobre sua importância para o povo bíblico e seu
significado para a humanidade, ontem e hoje. Guiado pelos ensinamentos dos
sábios hebreus e dos maiores pensadores modernos, como Nietzsche e Kierkegaard,
o filósofo lança nova luz sobre questões essenciais, como o amor, a amizade, a
família, a política, a morte e, sobretudo, Deus e o valor da vida espiritual.
Para Pondé, a espiritualidade é uma "questão urgente", pois ela caminha
para o desaparecimento, à medida que a religião vai sendo transformada apenas
em um meio de obter felicidade e sucesso. Neste mundo imerso na banalidade e no
vazio, é também urgente recuperar a esperança na vida - motivo que leva o
filósofo a formular, audaciosamente, um décimo primeiro mandamento.
Minha Opinião:
Diferentemente dos livros
anteriores de Pondé em que ele se manifesta de maneira a contrariar certezas e
criar conflitos na unanimidade do politicamente correto, uma leve tendência
teísta de seu pensamento que já se manifestara no “Contra um mundo melhor”
parece agora se consolidando, em flagrante conflito com sua insistência em
dizer que não tem fé. Suas reflexões são de um homem de fé, e mais que isso,
invocando uma tradição judaica, erudita e intelectualizada. Do cristianismo faz
poucos, mas importantes apontamentos, que tornam mais compreensível os
objetivos que pretende alcançar. Na página 105 faz o que considero uma
afirmação muito temerária: “Sem culpa, portanto, não existe vida moral, que só
respira quando a possibilidade do “inferno” (como signo do sofrimento moral) de
fato existe. Diante do niilismo não existem culpados.”
Não acredito na culpa como
elemento fundamental da existência de uma vida moral, Onfray, Sartre,
Kierkegaard, Russell e outros filósofos nos permitem uma vida moral que
prescinde da noção de culpa, ancoradas na noção de responsabilidade. Mais do
que acreditar numa possibilidade da existência da vida moral sem a crença em
Deus, tais filósofos nos permitem sim antever e perceber que a vida moral não
pode depender de um ser projetado para além de nós mesmos. A vida tem magia,
beleza e valor por si mesma, pela sua liberdade, pela sua possibilidade
infinita de realização.
Quase um livro doutrinário
que se compreendido com os últimos textos de Pondé, que têm sofrido uma guinada,
abandonando a independência e se submetendo a modelos e estereótipos que apenas
reforçam a alienação do sujeito, mostram que o autor pode estar sofrendo uma
conversão a la G. K. Chesterton. Aliás, os últimos textos de Pondé quase que
podem ser inseridos na boa tradição de “O que há de errado com o mundo”, que vale
a pena ser lido.
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