Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

domingo, 9 de março de 2014

Amor meia boca






Às vezes pensamos...
Quero apenas achar um amor,
Assim,...  meia boca,
Só para viver toda a vida,
Passar os dias,
Viver sem surpresas,
Sem ciúmes,
Sem dores,
Sem sustos.

Talvez assim, estejamos de verdade,
Procurando um pinguim de geladeira,
Ou um tigre da Kellogs, de pelúcia,
Ou ainda, um Dumbo cor de rosa!

Não, eu não quero um amor meia-boca,
Quero uma paixão devastadora,
Hoje e amanhã,
Todos os dias,
Quero que ela não pense em lavar cuecas,
Que não pense em fazer a janta,
Que não pense na louça sobre a pia,
Que não pense sobre o pó nos móveis,
Que não pense sobre a empregada!

Quero uma mulher,
Que ao encontrar, sinta,
Como eu sinto,
A vontade e a urgência de trepar,
Uma, duas, três horas,
Que deseje a mim,
Tão devastadoramente,
Quanto eu a desejo,
Tão, e apenas tão somente,
Quando a vejo!

Amar, meia-boca,
É uma condição que mistura,
Abacate, com sal e manteiga de cacau,
Não dá para fazer nem Guacamole,
Amar, algo meia boca,
É desfilar no carnaval,
Vestido de Nossa Senhora,
Escutando Ave Maria de Gounod!

Não! quero uma paixão...
Que leve ao abismo,
Uma paixão que seja devastadora,
Todos os dias,
Que apenas tenha como horizonte,
Premente,
Permanente,
A cama de amar!

Amor meia boca,
Estou fora,
Porque estaria morto,
Antes de poder amar,
E nunca teria sido amado!

Amor, tudo ou nada!

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