Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

segunda-feira, 3 de março de 2014

Tempo






Tempo que me afasta,
Tempo que me deserda,
Tempo que me falta,
Tempo que me olvida,
Tempo que não faz sentido...

Penso no tempo, todo o tempo,
No tempo que não tenho,
Para dizer-te mil vezes, que te amo,
Penso neste tempo, em que te ausentas,
De mim, de ti,
Penso neste tempo que se perde,
Em cada momento que não há sentido,
Num existir, complacente,
Com a ausência de teu beijo,
Com a ausência de teu olhar!

Um tempo que me condena,
Cada instante, mais próximo,
Do silêncio, sombrio, final,
Do momento, em que não haverá mais tempo,
Porque não mais existirei eu!

Tempo, por que escapas,
Tão havido, tão solerte,
De minha existência,
Se quem dá significado à tua passagem,
É simplesmente esta existência,
Frágil e miserável,
Que vive de faltas e ausências,
Denunciadas pelo tempo,
Que se nega, a devolver-me,
Quer a esperança,
Quer a presença,
Da amada!

Tempo, estás ausente,
De mim,
Do Universo,
Mas inexorável no relógio,
Que bate ao compasso do coração,
Dos amantes,
Dos solitários,
Dos sofredores,
Das lágrimas!

Tempo,
Medida cruel,
Régua de nossa insignificância,
Alerta, do time out,
Tempo,
Senhor impiedoso,
Esfola-nos vivos,
Deixando nossos cacos pelo caminho.
Deixando nosso existir esgotado pelo nada,
Do que poderíamos ser,
E nunca seremos, por que?
Não há tempo!

Tempo, para!!
Mas se parar, morro...
Tempo cruel!

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