Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Ar





Falta-me ar, não consigo respirar,
Porque não estou aqui, mas alhures.
Falta-me ar, porque não posso sair,
Das cadeias invisíveis que teci em mim!

Falta-me desesperadamente o ar,
Que me permita pensar o existir,
Para além da necessidade de comer,
Para além da necessidade de dormir,
Para além da necessidade de beber,
Para além da necessidade de sobreviver!

Falta-me ar para criar no mundo,
A imagem e semelhança do que sinto,
Para fazer-me demiurgo, do que escrevo,
Nas praias ao raiar do sol, apenas eu,
Passos incertos, gravetos, palavras lavadas!

Falta-me ar para enchendo pulmões gritar,
Meus filhos, cada nome, em cada canto,
Todos os que habitam meu coração, todos,
Que explodem em verdades ditas e não ditas!

Falta-me ar, talvez coragem, talvez força,
Falta-me a esperteza de sair descalço, despido,
Andando mundo, em toda a extensão pensada,
Para ser apenas corpo, mente, palavras, soltas!
Falta-me ar, sufoco, e morro aos poucos,
Tão aos poucos e lentamente, que dilacero-me,
Decomponho-me, e continuo parecendo inteiro,
Mas não sou mais do que restos do que poderia ser!
Não sou mais do que apenas a falta de ar que me aflige!

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