Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Olhar








Como saber-me amado?
Quando encontro nos teus olhos,
A melhor imagem de mim,
Quando encontro devoção,
Onde o desejo permanece,
Para além da dor, para além da falta!



Como saber-me amado?
Se não me encontro refletido,
Se não me acho existindo,
Quando vejo fundo teus olhos?



Como saber-me amado se...
Descubro toda minha transparência,
Se me percebo tão sem importância,
Se apenas estorvo pela dor que sinto,
Se surjo presença apenas tropeço?



E assim, de um existir ausente...
Pouco sei de meu querer presente,
E se queres saber de minha realidade,
Olhe-se, procura-me no fundo,
No fundo de teus olhos tristes,
Constatas que me alheias de lá,
E como ausente, saberás de mim!



Mas, se ainda acreditas de onde estou,
Ou se já parti a tanto... porque indiferente,
Não entristeças, porque teu olhar ausente,
Já não me vias, intuías o vazio que restou!




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