Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Silêncio Insuportável





Tornamos o mundo, um mundo de ruídos, de gritos, de agressões aos ouvidos, porque somos incapazes do silêncio.
O silêncio nos obriga a pensar, e pensar é o ato mais doloroso que praticamos! Um ato que nos faz abrir chagas em nossas certezas estúpidas e vãs! Pensar desfaz certezas, dissolve qual ácido os dogmas de nossas estultas teologias.
O silêncio é o ácido que dilui num mesmo caldeirão a fé, a crença, o deísta, o teísta e o ateu! O silêncio faz com que façamos a descoberta do tormento que é fazerem-se perguntas, que se perpetuam, porque poucas têm resposta para além do que acreditamos. E sempre acreditamos de uma forma tão frágil, que essas não resistem a qualquer raciocínio mais elaborado. Nossas certezas não resistem a uma receita de fazer bolo!
Tolos os homens que se matam por suas crenças, morrem por sua estupidez, morrem porque se despem da capacidade de pensar! Basta um pensamento para que todas as armas silenciem! Basta um pequeno grau de humanidade, de compreensão de uma finitude absurda, para que todos os homens calem suas bestas de fazer guerra!
Cumprir ordens é despir-se da humanidade, frágil humanidade que se dissolve na banalidade do mal, exercida pelo comando de um estúpido crente de suas certezas!
Para dissolver todos os saberes, basta que um homem pense, que uma mulher filosofe, que um homem e uma mulher quebrem o silêncio cantando a finitude da existência, e a ambiguidade do amor!
Se deus tivesse pensado, não teria criado o mundo, porque o absurdo seria acreditar que ao pensar a existência deste mundo, sentiria dor, incompatível com sua beatífica palavra!
Não, não acredito que deus não existe! Não, não acredito que deus existe! Acredito que existo e que o silêncio me perturba me faz sofrer todos os sofrimentos da humanidade, porque penso, e ao pensar, peno com as dores de todos os homens que morrem pelas mais absurdas causas, ou por causa nenhuma, o que é ainda mais hediondo! Morrem de fome e de sede.
Fome de prazer, fome de arte, fome de existir para si mesmos, sede de que se lhes não obrigue a acreditar no que não querem sede de liberdade, a liberdade que me permite viver e deixar viver, o quanto seja possível, até que chegue a hora do inexorável basta, hora esta que pertence tão e exclusivamente a mim!

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