Transbordastes... de ti vazou um rio,
Imenso, caudaloso, generoso em suas águas,
Mas no leito que construístes, atiraste-me,
Fui colhido, envolvido, tragado pelas águas!
Dias, dias há que tento em vão emergir,
Mas a violência das águas traga-me,
Sempre e mais fundo, sempre e mais intensa,
Não consigo pé, porque pequeno fico mais...
Afogo-me no desejo de te ter aqui,
Do meu lado, transbordando em mim,
Dizendo-me de tuas crenças, como se minhas fossem,
Lendo-me para além de mim, decifrando-me...
Sim, causastes um afogamento, mas...
Não um afogamento qualquer, simples,
Daqueles em que se bebe água, respira-se...
Até que os pulmões cheios, te afundem!
Não, causastes um afogamento, mas...
Com a torrencial virtude de teus carinhos,
Com a imensidão de tua generosidade, fez-se...
Oceano, infinito, sem fim, espelho do céu!
E agora, estou eu envolto neste imenso fluxo,
Angustiado, atormentado por tua ausência,
Envolvido pelo que criastes em torno de mim,
E já não concebo existência, sem o mar...
E se não entenderes que me afogo,
Que sem você não há mar-oceano, sem água,
Nem leito, nem esperança, nem ausência de
tormento,
Não estenderás a mão que me salva, fazendo-me salvar!
Se não entenderes o que fizestes com o caudaloso,
Com o insuspeitado volume de teus sentimentos,
Não poderá haver redenção, não haverá paz,
Apenas uma solidão, triste, espelhada nos olhos
do...
Afogado!
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