Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Chegamos à Lua





Não consigo conter o riso quando assisto às distopias que se propagam no início do século XXI. Parece-me patético que o homem após ter incensado tanto a razão permaneça obnubilado por contemplar-se como o ápice da criação.
Em 1969 o homem conquistou a superfície da lua. Colocou seus pés sobre a areia que recobre o satélite natural da Terra e, sem o saber muito por quê, do alto de sua arrogância, comunicou que seu primeiro passo era pequeno para o homem mas, gigante para a humanidade.
Mesmo reconhecendo que do ponto de vista tecnológico a façanha tenha tido um significado estupendo,  na prática era apenas uma busca de marcar a hegemonia de um modelo de sociedade, o capitalismo, sobre outro, o socialismo. Não nos apercebemos que tanto um sistema, quanto o outro, amparavam, como amparam, seus sucessos sobre milhares de cadáveres, sobre a morte, a fome, a privação e a doença de milhões de seres humanos.
Recordo-me que naquele tempo o custo de um míssil com ogiva nuclear, fosse americano, fosse soviético, era capaz de alimentar mais de 3 milhões de pessoas na Etiópia, que perdia igual número de habitantes decorrente da forme e da miséria a cada ano.
Hoje ficamos imaginando conquistar de planetas no sistema solar, e mesmo fora dele, e os cientistas “brilhantes” fazem perspicazes comentários sobre a dificuldade de adaptação do corpo humano às condições adversas do Universo, e das consequências que daí resultam ao organismo.
Como podemos conceber que tais condições são adversas, se somos criados para as condições onde surgimos, evoluímos e nos desenvolvemos?
Mas, o curioso, é que nós humanos somos corpos extremamente bem adaptados e construídos para a sobrevivência sobre este minúsculo planeta, somos selecionados de maneira gradual, lenta, primorosa e em 3 milhões de anos, surgimos e evoluímos para várias espécies e subespécies de primatas que desceram das árvores para a estepe, do vegetarianismo para uma condição onívora que nos permitiu cérebros avantajados.
Não somos construídos para outros tipos de gravidade, ou para outros tipos de atmosfera onde não haja abundância de nitrogênio e oxigênio para respirar.
Assim, é insana e pretensiosa a perspectiva de conquistar outros planetas e considerar possível que nossa forma e nossa maneira de viver e sentir permaneçam as mesmas.
Se, em algum tempo, houver a possibilidade de habitar qualquer outro planeta que não nossa Terra, o ser humano resultante será outro. Será selecionado para as novas condições, e se sobreviver, terá uma forma de percepção, sensibilidade, compreensão da realidade e uma identidade outra.
Conquistamos a Lua sim, mas apenas para fazer propaganda de um modelo de organização contra outro. Não ganhamos nada ao pisar lá, e talvez, se tivéssemos ficado com as novelas de Jules Verne, teríamos feito melhor do que encher o espaço em torno da Terra com milhares de restos metálicos que transformam nosso entorno num cinturão de lixo espacial.
Não percebemos ainda que é questão de tempo ter de calcular onde colocar os satélites para que não trombem com o que já despejamos de restos sobre a atmosfera de nosso planeta.
Seremos extintos neste pequeno planeta, mas isto é parte do projeto, é parte da história da própria vida. Nossos irmãos Australopitecos, Pitecantropos, Neanterthais, todos eles deixaram de existir. Estamos liquidando nossos primos chimpanzés, orangotangos, gorilas e bonobos.
Por que haveríamos nós de sobreviver?
Ah, sim! Somos a imagem e semelhança do Criador! É verdade, indiscutível. Mas, na medida em que ele permitiu, dentro de suas leis perfeitas e imutáveis, surgidas de seu Verbo, de seu agir Criador, que surgíssemos e nos multiplicássemos, nossa extinção está também determinada para que haja a preservação da vida!
Como diz Umberto Eco, não há dúvidas de que o homem chegou à Lua, já que se assim não fosse, os soviéticos seriam os primeiros a denunciar o engodo. A questão é, para quê?
De outra forma, lutar contra o aquecimento global é realmente um discurso moderno e interessante, além de mobilizar muitos bilhões de dólares. Interessante é perceber que para cada solução encontrada, apresentar-se-á um novo problema, porque afinal, nós somos o problema. Nós, as criaturas que subjugaram Gaia, corromperam-na para a satisfação de seus desejos egoístas e que agora somos escravos de nossa própria concupiscência.
Sim, a tecnologia nos escraviza e nos coloca na condição de servos voluntários de nossos próprios fornos crematórios.

Chegamos à Lua, e agora?

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