Chama

O que é capaz de aquecer?

Senão a chama que despertas?

O acreditar que me ofereces?

A liberdade e o respeito que me tens?

Sim, o poeta já o disse,

Talvez não dessa maneira,

Nem com tal significado,

Mas antes, como o compreendo...

Que o amor é eterno...

Posto que chama, assim,

Tão eterno enquanto arde no peito,

Tão eterno quanto mais o alimentamos!

Um amor sem desafios,

Uma paixão sem desencantos,

É verdade mentirosa,

É desafio sem coragem...

Chama, sim, fogo que devora,

Incinera momentos, palavras, gestos,

Torna incandescente cada verdade.

Torna cinzas cada mentira...

Não quero saber de teu ontem,

Não quero saber de teu amanhã,

Se em cada um destes dias,

A marca não for a pira que construímos.

Prometo juntar os gravetos,

De mãos dadas contigo,

Enquanto souber ler nos meus olhos,

As chamas que devoram minhas entranhas!

Sim, é só o que prometo, pouco, muito pouco,

Mas também é tudo, porque sou apenas,

Aquilo que em chamas, imolo,

De maneira livre no altar de Amor!

Que seja chama, devoradora,

Que arrase cada tristeza com seu crepitar,

Que torne cinza todos os passados,

Para existir eternamente em nós!