Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

sábado, 18 de janeiro de 2014

Parto, porque sem remédio







Parto...
Porque tenho de partir,
Parto...
Porque a natureza é madrasta,
Má, perversa, mentirosa,
Parto...
Porque não estou,
Nem sou,
Parte da verdadeira necessidade...
Parte da verdadeira existência...
Que só se dá no ócio.
No tempo de viver, intensamente,
A mim mesmo,
Solitário, único, pensamento!

Parto...
Porque a natureza é madrasta,
Parto...
Porque minha mãe é...
Antes de qualquer coisa,
O que me faz humano...
Plenamente humano...
Que é minha cultura,
Aquela que me faz desejar,
Criar...
Ler...
Escrever...
Pensar...
Necessitar tão somente,
Respirar!

Parto porque, atrasado,
Para cumprir um destino que não é meu,
Para cumprir um destino escolhido por outro,
Que não eu, que não parte de mim!

Parto...
Porque a natureza é madrasta,
Porque se fosse mãe...
Quedaria eu agora...
Tal disco de vinil...
Preso numa única nota,
De um som de piano...
Preso eternamente...
Na cadência de meus pensamentos!

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