Escutei-te
feito música,
Escutei-te
em clarinetes,
Oboés,
contrabaixos, violinos,
Pianos...
Te vejo,
Cavalgando as
notas da Sinfonia nº 40,
De Beethoven...
Ele
predisse tua existência,
Diáfana,
Imperativa,
Surpreendente,
Bela,
Quando,
Teceu com a
fiação,
De notas,
De linhas,
De imaginação,
Sobre o
papel,
Sobre o
silêncio,
A sinfonia,
Que agora,
Me devora,
Me ensandece,
Me faz
queimar,
De desejo,
De paixão,
De...
Perturbas a
mim,
Em teu
silêncio,
Em teu
sono,
Que apenas,
Parece aquela...
Batuta esquecida,
Que adorna,
O espaço
infinito do teatro,
Onde dormitam,
Se escondem,
As notas,
Que quando
se encontram,
Dão plenitude
ao ar,
Ao tempo,
Ao espaço,
À minha
existência...
Que se
resume,
A cavalgar,
Qual Pégasus,
As nuvens,
Construídas
pelos sonhos,
Pesadelos,
tormentosos,
Produzidos,
pelas notas,
Em suas
ensandecidas evoluções,
Que atormentam,
Meu pobre,
transbordante,
Coração...
De Paixão,
A Sinfonia
de nº 40.
Beethoven,
Em sua
surdez atávica,
Me devora,
Me entorpece,
Apenas para...
Evicerar-me
de forma intensa,
Expondo em
mim,
Tudo que há
de ti...
Se me
houve,
Cavalgas as
notas,
Que povoam
o tempo,
Que povoam
o espaço,
Que povoam
a noite escura,
Para trazer-me
a ti,
Para meu
pensamento,
Paralizado a
ouvir a música,
Que grita
teu nome,
Que expõe
cada parte,
Do corpo
que desejo...
És
sinfonia,
Sois os
sons que ouço,
Sois a
noite que não acaba,
Que se
estende para além de mim,
Para além
da música,
Até explodir...
Num devastador
desejo de te...
Amar!
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