Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Razão de ser






Acreditamos sempre,
Ingenuamente, 
que temos,
Sempre tivemos,
Uma razão de ser,
Buscamos desesperadamente,
Em nossa pequenez,
Em nossa insignificância,
Um motivo qualquer,
Qualquer motivo,
Que nos faça especiais,
Que nos faça objeto da graça,
Que nos faça objeto da ira,
Que nos faça objeto da bênção,
Ou ainda, objeto do castigo,
Como se fôssemos realmente,
Pensados, desejados.

Não, nossas mesquinhas vidas,
Não têm objetivos,
Não têm sentido,
Não têm qualquer razão,
Para o bem, para o mal,
Somos tão insignificantes,
Que buscamos,
Incansavelmente nos diferenciar,
Fazer a diferença,
Amar, ser amado,
Escrever, ser lido,
Fazer coisas excepcionais,
Para simplesmente ser admirados,
Mas tudo isso é vão,
Tudo isso é inútil,
Porque no final das contas,
No balanço diário,
Encontramo-nos cercados,
De nossa mediocridade,
De nossa desimportância,
Tão devastadora,
Que temos que projetar,
Fora de nós, tudo que cremos,
Seja bom, especial,
Honesto e honroso,
Em nosso existir!

Imploramos a graça,
De sermos amados por nós mesmos,
Imploramos a graça,
De alcançar objetivos,
Mesquinhos,
Pequenos,
Insignificantes,
Que só fazem sentido em nossa,
Deslumbrante estupidez,
Mas que projetamos,
Como se fossem graças,
Bênçãos, reconhecimentos,
De um outro, fora de nós,
Que nada mais é,
Que a projeção vazia,
Impiedosa de nós mesmos.

E isto é o resumo,
De tudo que sentimos,
De tudo que imploramos,
É o resumo, desta pequenez,
Que se reduz a nada,
Sempre no desespero,
Da solidão,
Da singularidade,
Da nulidade,
Que encontramos ao olhar,
Profundamente, 
nos olhos,
Que miramos,
Quando olhamos o espelho.

Talvez por isso,
Percamos tão pouco tempo no espelho,
Porque talvez, tenhamos muito...
Muito medo do que podemos ver...
E descobrir,
Que não há razão de ser,
Mas mera expectativa de existir,
Pouco mais, do que um nada,
Pouco mais, que uma insignificância!

Não há razão,
Não há motivo,
Não há futuro,
Além do imediato,
Além do agora,
Além do sentimento de abandono,
Que se perpetua,
Todos os dias,
Que temos a coragem,
De olhar no fundo dos olhos,
Da imagem que nos inquire,
Sobre a razão, que é...
Desrazão!

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