Curioso
observar como os planejadores urbanos defendem agora a ideia do Pedágio Urbano,
como uma brilhante ideia para melhorar o trânsito das grandes cidades.
A
primeira brilhante ideia que tiveram foi o rodízio. Quem tem dinheiro compra
mais um automóvel, escolhe a placa e pronto, acabou o efeito do rodízio,
manobra esta ingenuamente não prevista pelos urbanistas.
Ocorre
que a precariedade dos serviços de expansão e manutenção do metrô é que justificam
o aumento progressivo da frota, porque o povo quer conforto. Ora, bendizemos
que muitos brasileiros ascendam das classes D e E para a C. Qual o primeiro
desejo destes brasileiros que apostaram nas promessas de progresso pessoal?
Entre eles está a aquisição de seu veículo, marca da liberdade de ir e vir!
Quando
isto se torna incomodo, os estudiosos de plantão voltam a buscar meios
alternativos de transporte, e começa a defesa da bicicleta, o que é risível não
fosse ofensivo a nossa inteligência. Imaginem alguém que trabalha no centro
financeiro de São Paulo e mora no Itaim. Subidas, decidas, tráfego, enfim,
impossível vislumbrar a possibilidade de ver a magrela como alternativa. Para
piorar, vamos multar todo mundo que esteja a menos de 1,50 metro dos ciclistas,
para infernizar a vida do cidadão!
Bom,
vamos então compelir a população a andar de ônibus, mas em Curitiba há perda de
usuários do sistema. Mas o planejador quer melhorar o sistema, o que em último
caso é um absurdo, é um contrassenso, porque o povo, o cidadão quer andar com o
carro que agora é possível ter, que agora lhe foi permitido adquirir, na tão
suada busca de ascensão social.
Chegam
os estudiosos a cifras mirabolantes de perdas com a lentidão do tráfego,
calculando prejuízos ambientais, à saúde pública ao meio ambiente. Sinceramente
faz muito mais sentido perguntar, quanto faz mal tudo que os planejadores
pensam!
É
lindo acusar que o país fez uma escolha pelo
transporte rodoviário individual, que é um modelo que se construiu
contra o ferroviário e o coletivo, que nós estamos no pior dos mundos, que o
trânsito é infernal, que as vias estão saturadas e as alternativas públicas são
insuficientes e ruins! O caos sempre leva a boiada para o pensamento único!
Que
candura!
Na
realidade o que se quer é retirar das ruas o carro do povo, do pobre, porque o
rico, aquele da classe A, pode pagar o pedágio, custe o que custar, quer o
poder público novamente defender privilégios daqueles que podem pagar. O mais
interessante é que os próprios alienados dos seus direitos não percebem a
desonestidade dos argumentos.
Obviamente
que se tivéssemos bons carros de metrô, se tivéssemos máquinas novas, boas
linhas, estações que convidam ao transporte coletivo, mesmo os cidadãos da
classe A o utilizariam. Mas ele não é assim, por quê?
As
ruas são estreitas, esburacadas, com desníveis, caóticas, por quê? Os ônibus
são veículos de tortura, desconfortáveis, sujos, nojentos, com motoristas
sempre descontentes e estressados, por quê?
Porque
estes meios são feitos para pobres, e devem marcar a distância social daquele
que anda de SUV pelas ruas.
Um
mecanismo inteligente de diminuir o tamanho dos veículos é alíquotas
progressivas de IPVA. Quem tem carros mais caros e maiores não pode pagar a
mesma alíquota de quem tem um carro menor que 4 metros, e popular! Mas não é
assim, por quê?
São
Paulo, Porto Alegre, Curitiba estão mais caóticas por quê? Porque as escolas
privadas se apropriam da via pública para que os pais da elite façam não mais
fila dupla, mas até tripla para pegar os filhos. As mães candidamente respondem
quando questionadas na fila dupla – Mas só estou esperando minha filha! Sim,
pode esperar sua filha onde quiser, mas não na via pública.
Inteligentemente
as prefeituras não mais incentivam a construção de estacionamentos nos centros
da cidade, para diminuir o fluxo de carros. Como são inteligentes os
urbanistas. Ao não fazerem grandes estacionamentos públicos, enriquecem os
donos de terrenos privados, que pagam para que não se ampliem os espaços,
encarecendo soberbamente o estacionamento, e novamente selecionando quem pode
andar de carro e estacioná-lo na cidade!
Claro
que o pedágio urbano por si só não resolve o problema, nem é uma solução que
minimamente seja efetiva, apenas vamos selecionar quem pode andar de automóvel
na cidade, que é a intenção disfarçada da farsa montada pelos urbanistas que é
alijar os recém-admitidos ao consumo de veículos da possibilidade de
utilizá-los!
O
que melhoraria o trânsito seria a redução do volume dos automóveis, a proibição
da apropriação privada do espaço público, regras bem definidas de punição ao
abuso irresponsável dos direitos de conduzir, a oferta de um transporte público
descente, limpo e agradável, de custo acessível, a efetividade das multas
independente do nome e sobrenome de quem for multado, a retirada efetiva dos
veículos sem condições de circular!
Mas
pedir estas simples e decididas operações é pedir muito, melhor é pensar uma
maneira de alijar, tornando politicamente correto o discurso, todo o povo para
que não possa utilizar seus veículos, para que a elite possa circular
livremente pela cidade!
Como
disse, e se não disse deveria ter dito De Gaulle: Este país não é sério!
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