No dia de hoje a CBN Curitiba reuniu um grupo de
economistas no período da manhã para falar sobre o endividamento das famílias
brasileiras e para falar de economia.
Mais uma vez um festival de obviedades, de bom
mocismo comportado, de afirmações politicamente corretas para serem servidas no chá da tarde, falando sobre coisas que não entendem,
porque acadêmicos, que só podem falar aquilo que acreditam corresponder a suas
convicções e não ao que existe na vida real dos ouvintes.
O ponto alto da entrevista aconteceu, quando reporter e
entrevistados, rindo, perguntavam-se por que o governo em plena Rio+20,
estimulou a compra de automóveis se, segundo os entrevistados e
entrevistadores, já não há mais onde por automóveis. E riram muito.
Provavelmente de sua própria ignorância.
Ora, vamos pensar por que o governo Dilma estimulou a
indústria automobilística. Talvez porque de acordo com dados da Organização
Internacional dos Fabricantes de Veículos Automotores esta indústria tenha
movimentado cerca de US$ 2,5 trilhões apenas no ano de 2005. Assim, se
considerassemos a indústria do automóvel um país, ele teria o sexto maior PIB
do planeta.
Esta indústria tem importantes encadeamentos
produtivos sobre outros setores, neles incluindo-se 50% do total de borracha,
25% do total do vidro e 15% do total de aço produzidos no mundo e que se
destinam a essa indústria.
Ainda, para que este setor da indústria possa se
movimentar mais de 8 milhões de funcionários são empregados diretamente e, para
cada emprego direto, mais de cinco indiretos são gerados, computados aí o setor
de autopeças.
Além disso o setor automotivo tem na montagem de
veículos uma de suas atividades mas não a única, já que suas indústrias estão organizadas em diversas aglomerações
produtivas em diferentes países.
Espertamente uma das entrevistadas disse que se
compramos o carro a vista o desconto é menor porque o malvado do vendedor quer
é vender financiado, porque assim recebe duas comissões.
Ora, o malvado do vendedor de automóveis, como o
comprador, precisa alimentar sua família, pagar uma escola, porque a escola pública
é ruim, se se esforçar muito, poderá pagar um plano de saúde, porque a saúde
prestada pelo Estado é precaria, e ainda, perversamente ele pretende ter uma
qualidade de vida boa, como aquela procurada pelo adquirente do automóvel.
O Mercado brasileiro doméstico efetivo e potencial é muito promissor e apresenta um completo parque industrial, uma sólida
base de engenharia relacionada à indústria automotiva e uma rede de
concessionários com grande capilaridade nacional.
A indústria automobilística no Brasil representa entre
25 e 30% do PIB industrial diretamente, o que quer dizer que qualquer estímulo
que venha a afetá-la tem um grande impacto sobre a economia toda.
Ainda, em nossa civilização ocidental burguesa, o
automóvel é símbolo de liberdade, de locomoção, de uma possibilidade de ir e
vir de acordo com minha necessidade e, mais que isso, com minha vontade.
Lamentável é o poder público e a imprensa continuarem
discutindo o transporte coletivo, que se observarmos, nas grandes cidades apressenta profressiva
queda de usuários, principalmente no transporte coletivo por veículos a diesel por duas boas razões:
Porque o sistema é ruim, lento e desagradável;
Porque um dos sinais de ascensão social é poder ter
seu próprio veículo.
Nossos políticos de plantão ao invez de estarem
preocupados em como permitir a mobilidade destes cidadãos que conseguiram
chegar à posse de um dos símbolos de liberdade contemporânea e que só agoram passaram a efetivamente poder desfrutar de um bem símbolo de progresso pessoal não, eles agoram
procuram por meio de ideias falaciosas criar mecanismos de restrição aos
veículos para novamente permitir apenas aos privilegiados desfrutarem destes, passando o povo a envergonhar-se de desejar o bem de consumo que
sempre teve como objeto símbolo da ascenção social.
Realmente, nossa intelectualidade está a serviço da
preguiça mental e do riso fácil!
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