Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ballade



Ballade

Je maudi l´eure et le temps et le jour
la semaine, le lieu, le mois, l´annee
et les .II. yeux don’t je vi la douçour
de ma dame, qui ma joie a fine.
Et si maudi mon cuer et ma pensee,
ma loiauté, mon desir e m´amour
et le danger qui fait languir em plour
mon dolent cuer em estrange contree.

Et si maudi l´accueil, l´attrait, l´atour
et la regart don’t l´amour engendree
fu en mon cuer, qui le tient en ardour,
et si maudi l´eure qu´elle fu nee,
son faus semblant, as fausseté prouvee,
son grant orgueil, sa dourté ù tenrour
mon dolent cuer en estrange contree.


Balada

Maldigo aquele tempo encantador,
a hora, o dia, o mês, o ano, o lugar
e os olhos que mostraram-me o dulçor
daquela que pôs fim ao meu folgar.
Maldigo ainda meu peito e meu pensar,
minha lealdade e meu desejo e amor,
e o receio que faz languir em dor
meu pobre coração longe do lar.

E maldigo a atração, o azo, o favor
e aquele olhar que fez o amor brotar
no peito meu, e lhe conserva o ardor;
maldigo a hora que viu seu chegar
ao mundo, e a hipocrisia, o lisonjear,
o orgulho e essa dureza sem candor
nem piedade, que traz em tal langor
meu pobre coração longe do lar.

Poema de Guillaume de Machaut
(1300-1377)
Tradução de José Jeronymo Rivera



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