Todos estamos estupefatos com as discussões acaloradas
de uma questão fundamental para o desenvolvimento, o engrandecimento e a
afirmação do Brasil como potência mundial: haverá ou não um “Bar do Blatter”
nos estádios de futebol durante a Copa do Mundo de 2014?
Não fosse constrangedor, não fosse muito triste, a
singela e angelical justificativa do Ministro dos Esportes, Aldo Rebelo para a
liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios, durante a Copa do Mundo
de Futebol FIFA, seria motivo para, por sua incontinência absurda, causa de
demissão imediata.
A justificativa muito técnica, temos que reconhecer, se
fundamenta no argumento, de que para a FIFA deve ser liberado o consumo de
álcool nos estádios, porque o rude esporte bretão assim o exige. Para confirmar
tal fato, absolutamente constatável, afirma o ministro que há que se considerar
que o governo federal e estadual, durante as provas de Fórmula 1, patrocinadas
pela FIA, suspendem também a lei, permitindo que os veículos, os bólidos do
circo da F1, ultrapassem os limites de velocidade permitidos pela legislação
brasileira.
A explicação é de tal indigência, como argumento e como
consideração à inteligência do cidadão brasileiro, que estou considerando a
possibilidade de exigir a presença da Polícia Rodoviária Federal em todos os
autódromos do país, e exigir a cobrança de multas destes desaforados pilotos
que se atrevem a exceder a velocidade legal permitida no país.
Tal pobreza, que vem se acentuando e ficando como marca
do atual governo, tenta esconder, mal o fazendo, a verdadeira causa deste
imbróglio todo, para permitir a franquia dos bares do “Blatter”.
Por óbvio o negócio que se relaciona com bebidas
alcoólicas não deve ser pouco rendoso, já que a imprensa nacional, a FIFA e a
presidente da República, gastam tanto tempo, tanto discurso, e tanto esforço em
decidir se os aficionados pela pelota, poderão ou não emborrachar-se com o
saudável alimento fermentado.
O que está acontecendo é a briga por milhões de reais,
digo, não sejamos ingênuos, milhões de dólares em patrocínios, propagandas,
possíveis “caixinhas de campanha” e muitos outros “investimentos”, que com
certeza engrandecerão o evento Copa do Mundo. Não podemos esquecer que 2014 é ano
de eleição e de reeleição.
O desacerto todo está no fato de que, Dilma,
absolutamente incompetente no trato com os políticos, a ponto de viver como que
um ocaso político, no início do governo, está, por sua inapetência, por sua
falta de participação política no contexto democrático, por sua falta de
eleições, pondo a perder o patrimônio que Lula lutou para construir em seus 8
anos de governo.
Lula foi o único governante brasileiro que conseguiu
usurpar os coronelismos regionais, centralizando em Brasília, todo o
clientelismo que antes era regional. Getúlio tentou tal façanha e no primeiro
governo foi impedido por homens como Assis Chateaubriand, Juraci Magalhães,
Magalhães Pinto e outros. No seu mandato democrático foi impedido por Carlos
Lacerda e Ademar de Barros.
Não houve tempo para a consolidação desta concentração
de poder, clientelismo e coronelismo em Brasília, porque o delfim escolhido, é
incompetente para manter a estrutura de instrumentalização do Estado criada
pelo gênio político do populista Lula.
Dilma é fraca politicamente, mais fraca ainda porque
incapaz de entender o jogo das forças políticas no Congresso. Não se pode dizer
que a Ministra de Relações Institucionais seja minimamente competente. Suas
orientações resultaram apenas na perda de 7 senadores da base, ou seja, quase
10% dos ocupantes do Senado da República.
Com ministros como Ideli e Aldo, fora todos os que já,
como Johann Huss, mas por motivos diferentes, foram defenestrados, o saldo
político do governo federal é negativo, e a questão dos bares do “Blatter”
passam a ter relevância fundamental. Os deputados, orientados pelos caciques
partidários e pelos coronéis locais, estão fatiando o poder do governo federal,
enfraquecendo a presidente e restabelecendo os clientelismos locais. Há que se
exumar Campos Salles, antes que corramos o risco que os monarquistas consigam o
apoio do povo, para o retorno do desejado ao poder.
A escolha de uma presidente que não tem vocação
político-partidária pode servir para reforçar o carisma e o poder sedutor da
proposta política de coronelismo e dependência das miçangas, espelhos e
galinhas federais. Mas esqueceu-se o demiurgo que, há exatos 20 anos, Fernando
Collor de Mello, ao invés de colorir o Brasil, melou a história brasileira, ao
entrar em choque com os estamentos políticos, que são, não podemos negar,
instituições extremamente resistentes à mudança, capazes de submergir em
períodos difíceis e retornar sempre que se apresenta alguém incapaz de jogar
com destreza as partidas que se disputam.
José Sarney, um dinossauro político, é exemplo acabado
de que, entre Dilma e ele, ela sucumbirá nas páginas do passado como a primeira
presidente mulher, eleita pelo chefe Lula, e a segunda governante mulher do
país, como que uma espiação do machismo tupiniquim que impediu o terceiro
reinado. Ele pelo contrário, será não só lembrado como exemplo acabado de todo
o nosso atraso político, mas muito mais, como o exemplo acabado de
sobrevivência política, e de que as Frondas, que assolaram o advento de Luís
XIV, são fenômenos políticos que se repetem na história política.
Dilma é uma presidente arrogante e incapaz de perceber
que o presidencialismo brasileiro é parlamentarista, que não há como governar
com um Congresso hostil, um parlamento que abriu mão de sua prerrogativa
fundamental que é ser capaz de estabelecer os orçamentos e votar realmente
impostos, mas que não abre mão de seu poder clientelista, de seu poder de criar
uma fantasia de Estado Democrático de Direito.
A presidente me faz recordar Celso Pitta, a criação
paulistana de Paulo Maluf que lamentavelmente desfez com todas as expectativas,
com todas as possibilidades de criar um novo padrão de compreensão das
diferenças na sociedade brasileira.
Está na hora de a presidente deitar sobre seus ombros o
manto da humildade, da sagacidade política e da responsabilidade pública, e
sentar-se com os líderes políticos que ela não conhece, mas sabe quem são, para
começar a construir um espaço que seja legítimo de debate, decisão e parceria
na defesa do Estado democrático.
O assédio da imprensa ao Legislativo e ao Judiciário,
faz crer, aos homens e mulheres menos informados, que o Executivo vitimizado,
enfraquecido e incapaz, deveria ser fortalecido, quando na realidade, é
exatamente o seu excesso de força e sua incapacidade política que estão levando
ao constrangimento da paralisia, do desgoverno e do perder-se no infindável mar
de questiúnculas políticas.
Mas se assim a presidente não entender, poderá ela, pelo
menos, abrir algumas empresas ao deixar o cargo para ensinar aos políticos como
perder eleições, com a Ideli Propaganda, como passar vergonha na imprensa com a
Aldo Rebelo Assessoria Jurídica, e ainda ganhar uma “graninha” investindo na
franquia “Bar do Blatter”.!
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