Editorial da FOLHA em 27 de abril exprime bem o
que é relevante na questão que envolve a existência de Cotas Raciais!
Tratamento desigual para
reparar injustiças deveria contemplar apenas critérios sociais objetivos -não a
cor da pele, obsessão importada
Quando do julgamento pelo Supremo Tribunal
Federal sobre a constitucionalidade da instituição de cotas raciais no acesso
às Universidades federais, a opinião pública politicamente correta saudou tal
decisão como um avanço! Será mesmo um avanço?
A escravidão foi um fenômeno social,
cultural e econômico que acompanhou a humanidade desde o surgimento da
civilização até meados do século XX, sendo uma absoluta inverdade que o Brasil
tenha sido o ultimo país a abolí-la. A Mauritânia, um país do ocidente africano
a aboliu em 1981, e no Niger, apesar de abolida em 1960, só passou a constituir
crime em 2003.
Em Portugal a escravidão negra começou muito
cedo no final do século XIII e início do XIV, mas muito antes da descoberta do
Brasil, não havia mais escravos negros pelo simples fato de que foram
absorvidos pela população num processo de miscigenação que é característico a
lusitanidade. Na África a escravidão negra é anterior e perdurou por muito mais
tempo que no Ocidente. Com isso não se justifica a instituição, mas forçosa a
compreensão que não é um mal nacional, mas um subproduto de nossa humanidade.
A desvantagem competitiva dos descendentes de
escravos africanos no Brasil estão intimamente relacionados à incapacidade do
Estado brasileiro de cumprir com suas funções de tornar a educação, a saúde, a
justiça e a segurança disponíveis e eficazes para todos os brasileiros, sem
distinção de cor, raça, sexo ou o que quer que seja. O que faz a necessidade
das cotas, apenas um aliviar de nossas más consciências.
As políticas afirmativas com a desculpa de que
procuram reparar uma iniquidade histórica, cometem um grave, um irreparável
erro. Não posso e não aceito a responsabilidade de reparar uma iniquidade
histórica da qual não tenho nenhuma responsabilidade. Não posso ser
responsabilizado por erros de brasileiros do passado! Muitos negros tiveram
escravos! Minha mulher é bisneta de escrava, e sua avó, Julieta, só nasceu
livre por causa da Lei do Ventre Livre em 1871. No entanto, sua mãe,
descendente de alemães deixou-lhe como herança uma pele clara e olhos verdes.
Como ela não tem direito a cotas, se mesmo sua mãe era filha de uma mulher
muito pobre, pior, mãe solteira, sem recursos? Seu pai, negro, muito pobre,
alfaiate, perseverou e com mais de 30 anos se formou numa das melhores
universidades do país em Direito, tornou-se promotor público, construiu uma
família bela, sem nunca precisar da caridade das más consciências.
Lutamos durante décadas para suprimir a ideia de
raças, desde o advento do governo petista, temos a escrescência de uma
secretaria da igualdade racial, temos a imbecilidade de pugnar por um estatuto
da igualdade racial, porque mesmo que raças houvesse, num país onde todos nós
temos um pouco de sangue africano, a constituição de cotas, a aceitação de sua
legalidade são uma ofensa ao mérito, são um estímulo à importação de valores
alienígenas à sociedade e cultura brasileiras.
Há violência dentro da sociedade brasileira,
dissimulada talvez por uma falsa tolerância, no entanto o “racismo” brasileiro
é muito mais econômico e social do que de cor da pele. Ao importarmos as cotas
raciais como programa de política afirmativa dos Estados Unidos, importamos
também, os seus conflitos, importamos sua intolerância, devemos nos preparar
para que em breve tenhamos racismo de cor, de forma efetiva no Brasil,
produzida por uma compreensão social, política e cultural completamente
equivocada por parte daqueles que deveriam repensar nosso país. É o que estamos
construindo.
Políticas compensatórias como as propostas há
mais de 20 anos pelo Senador Eduardo Suplicy com o Imposto de Renda negativo,
que nunca foi apreciado apesar de uma das ideias mais brilhantes, bolsas de
estudo para os alunos excepcionais das escolas públicas, acrescidas com bolsas
sociais a ela vinculadas que fizessem com que estes pudessem frequenter escolas
particulares e ainda levar um salário para casa, são efetivamente correções
necessária e que efetivamente transformariam a sociedade brasileira. Tribunais
raciais, são por si só, uma imensa violência à sociedade brasileira, são algo
absolutamente incompatível com o ordenamento jurídico, e suas justificativas,
uma ofensa, uma irreparável construção de culpa coletiva inaceitável para os
brasileiros que vivem hoje, em paz com suas consciências, até porque muitos,
herdeiros de pessoas que chegaram aqui muito depois de abolida a escravidão,
não podem ser cobrados por um passado do qual não participaram. Mais, esta
coisa de condenar no presente, erros do passado é coisa de religião
fundamentada na culpa, e não do exercício político da cidadania.
Lamentável que cada vez mais frequentemente se
encontrem cotas nos concursos públicos. Tal torna cada vez mais patente a
incapacidade do Estado de cumprir suas obrigações, de dar oportunidades iguais
a todos, e apenas buscar, de forma obliqua compensar, ao custo do direito de
todos os outros cidadãos a ineficiência de suas políticas, mesmo que
dispendendo enormes recursos sem nenhuma eficácia e eficiência.
Não é justo tratar diferentemente pessoas apenas
porque sua cor da pele é diferente, porque se tal ocorrer com um negro ou
mulato será crime, mas se acontecer com um branco o que será?
Vejamos uma situação interessante: se
encontrarmos um estudante universitário negro vestindo uma camiseta onde esteja
escrito 100% negro na frente, e poder negro nas costas, como ele será encarado?
Agora se um estudante branco, e o branco do
Brasil não se parece com o europeu ou americano, entrar na mesma universidade
vestindo uma camiseta onde esteja escrito, branco puro, ou 100% branco, o que
ocorrerá?
Injustiça social não se
corrige com cota racial, e sim com políticas afirmativas que permitam a
conquista de oportunidades iguais por todos os brasileiros. Lamentável a
decisão do STF. Uma pena que a Constituição tenha sido violada pela instituição
que deveria defendê-la!
Art. 3º Constituem
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade
livre, justa e solidária;
II - garantir o
desenvolvimento nacional;
III - erradicar a
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de
todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
Talvez eu não me encontre no grupo social dos politicamente corretos. Infelizmente não coaduno com a alegada maioria.
ResponderExcluirO artigo 5º, como frisa o doutor, deixa claro o conceito e a aplicabilidade de igualdade e desigualdade.
As cotas raciais ou quaisquer normas que adentrem a este tema, na minha humilde concepção, não passam de mera fuga do Estado para com sua obrigação.
Proporcionar ao brasileiro os meios dignos de sobrevivência e igualdade é a pura função social do Estado, se não posso, ou não quero fazê-lo mais fácil agradar politicamente uma parte do grupo do que ficar na inércia sem votos.
DL