Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A felicidade de um brasileiro com a Lei 12.605/2012



O motoristo, após desviar de uma manobra imprudente de um motociclisto, estaciona seu veículo no posto de combustível e pede à frentista para encher o tanque de álcool combustível, porque acredita que assim faça o país economizar alguns dólares.
Conversa animadamente com esta sobre a relevante lei, recentemente publicada, ainda mais agora que ele havia concluído o curso de jornalismo. Ficou muito feliz com a edição da Lei 12.605 de 3 de abril de 2012, que obriga as faculdades a flexionar o gênero nos diplomas universitários, obrigando inclusive sua reemissão quando anteriores à lei.
Tão relevante a lei, que como bons cidadãos passaram a aplicar o princípio que ela tão preclaramente instituiu, que resolveram aplicar o princípio ali tão sabiamente insculpido a todo o mundo, vasto mundo, à sua volta. Assim, não sou mais motorista, disse o motoristo, e fico mais a vontade de chamar-lhe frentista porque é mulher, ao que esta acedeu e agradeceu pelo reconhecimento de seu gênero!
Quando foi pagar, perguntou ao caixo se ele tinha troco, ao que este respondeu muito educada e assertivamente que não, pelo que pedia desculpas, mas o balconisto da loja ao lado com certeza o ajudaria.
Ao chegar à loja ao lado, atendeu-lhe sorridente o balconisto, que agora tinha reconhecido sua dignidade de gênero. Disse-lhe que o dono, o Sr. Mário, contabilisto formado também estava muito feliz com a inovadora e indispensável lei recentemente publicada, porque agora não iria mais enganado a urologistas. Riram a velas despegadas, porque agora só iriam em Urologistos, coisa mais conforme ao gênero masculino.
Trocado o seu dinheiro, pagou o devido ao caixo, entrou em seu carro e dirigiu-se à sapataria. Lá pegou um sapato que havia deixado para concertar com a sapateira, que estava algo amuada, o que lhe fez perguntar – o que está lhe afligindo senhora sapateira?
Ao que esta esclareceu que estava com muita dor de dente, e que precisava por tal ir ao seu dentisto. Ao que todos se regozijaram pela existência de tão preclara lei que não permite a confusão dos gêneros.
Pego os sapatos, foi ter com o Ginecologisto de sua marida, porque com certeza, qualquer diferença de tratamento é uma inaceitável ofensa de gênero, e o feminino de marido, só pode ser marida.

Ficou então sabendo que sua família aumentaria com o que lhe disse o ginecologisto, na medida em que sua marida estava grávida e que haveria de ter uma bebê ou um bebô em 7 meses.
Preocupado começou a pesquisar a possibilidade de contratar uma babá ou mesmo um babô para cuidar da bebê ou do bebô que tão logo chegaria. No entanto, outro problema se avizinhava com mais urgência, o ginecologisto lhe indicou um anestesisto que não recebia pelo plano de saúde, daí que ele teria que começar a pensar nos recursos necessário para o pagamento da equipe ou do equipo hospitalar.
Foi conversar com um amigo que o levou a um banco onde tinha conta para falar com a gerenta de sua conta, para prevenir despesas imprevisíveis.
Havia na sua frente, ao chegar para falar com a gerenta, um casal de jovens, ele músico, ela música. Ele tocava flauto doce, ou seja, era orgulhosamente flautisto e ela tocava violina, e por tal uma violinista.
Atendido o jovem e gracioso casal de musicisto e musicista, atendeu-o sorridente a gerenta que imediatamente deu solução ao seu problema, faltando apenas para concluir as tratativas a assinatura da gerenta de departamenta de emprétimas para liberar o crédito na hora do parto, que ele ficou em dúvida se não seria parta, porque afinal de contas quem iria parir era sua marida.
Dalí saiu mais aliviado e lembrou que deveria passar em seu otorrinolaringologisto, que ao saber da boa notícia deu-lhe os parabéns. Constatou este, porém, que em função de um erro de mastigação precisava o nosso herói brasileiro do atendimento e da ajuda de um fisioterapeuto e também de um terapeuto especializado na fala, e novamente o afligiu a dúvida, se a fala era dele, e ele era homem, não seria um terapeuto do falo. Mas como isso lhe soou algo suspeito, abriu uma exceção e manteve a fala em sua condição feminina, apesar de ele, muito ao contrário do que se possa pensar, tenha uma voz bem grossa, digna de um macho, apesar de não saber se se tivesse a voz fina ela fosse macha! Mas deixa pra lá, as leis transformam o mundo, e nem tudo se dá num passe de mágica, ou de mágico.
Tudo certo e indicado os profissionais, ao voltar ao seu veículo percebeu que houvera sido multado pelo guardo de trânsito por ter excedido o horário de permanência na vaga pública. Incansável em seu otimismo e cumpridor das leis, dirigiu-se ao guardo de trânsito que lhe orientou dirigir-se ao departamento de trânsito para resolver o problema. Lá chegando encontrou uma agenta de trânsita muito atarefada, mas que ao perceber a postura muito adequada e politicamente correta do motoristo o atendeu sorridente e regularizou seu estacionamento.
Saiu dalí e foi para casa ver sua querida marida, que estava grávida. Ao chegar viu que saia de sua casa o eletrecisto que acabara de fazer um reparo a seu pedido, com o que pôs-se imediatamente a saldar o serviço, não antes de verificar se todos os impostos estavam ali adicionados, o que fez acrescer o valor contratado em pouco mais de 40%, o que não o preocupava, já que um Estado que editara uma lei tão importante, merecia toda consideração na ora de pagar tributos, e eram tributos porque era ele que pagava, se fosse sua marida seriam tributas.
Beijou com ternura sua marida ao chegar em casa, e orgulhou-se de ver pendurado na parede seu recém conquistado diploma de JORNALISTO, que havia conquistado com muito labor. Abençoou a Deus morar num país como o Brasil onde a presidenta vela por todos os indigentes e indigentas, preocupando-se até com seu gênero, sem o que ninguém se preocuparia.
Dormiria com o consciêncio tranquilo, porque tinha certeza que em Brasília havia uma presidenta que protegia a todos de todos os males.
Pediu enfim à marida que lesse para ele um trecho da Bíblia que lhe havia comprado com tanto orgulho e carinho, bíblia absolutamente correta, que falava da Deusa mãe, da deusa filha Jesusa e da deusa Espirita Santa, bem como de Nosso Senhor pai virginal.
Dormiu como um justo. Tudo estava perfeito. Melhor perfeito e perfeita!


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