Todos nós temos acompanhado a violência de falsos
intelectuais e de servidores despreparados contra os textos do grande escritor
Monteiro Lobato, uma das expressões mais legítimas do pensamento brasileiro,
que era insuspeitadamente de esquerda. Vale a pena ler um pequeno
trecho de Urupês, no conto "Os faroleiros", quando se exprime sobre a ideia de
toda gente, ou seja, à comum opinião de todos:
"- A ideia de toda gente, ora essa!
- Quer dizer, uma ideia falsa. “Toda gente” é um
monstro com orelhas d´asno e miolos de macaco, incapaz duma ideia sensata sobre
o que quer que seja. Tens na cabeça, respeito a farol, uma ideia de rua
recebida do vulgo e nunca recunhada na matriz das impressões pessoais. Erro."
Temos de acautelar-nos sempre com a ideia de toda
gente, a maioria esmagadora, a unanimidade é sempre burra e fascista. Não
podemos nos conformar com o erro, não podemos nos conformar com a resposta de
que a maioria pensa assim, de que assim tem que ser porque o povo deseja. O
povo deseja aquilo que lhe satisfaz a sede, a fome e a segurança, é pouco para
desejar tudo aquilo a que tem direito, depois de necessariamente ter satisfeito
os deveres que lhe garantem aqueles.
Pensar dói, mas não pode ser afastada a
necessidade de pensar! Livremo-nos do monstro de orelhas d´asno!
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