Este
livro constitui uma valiosa contribuição à relativamente nova corrente da
história agrária brasileira que busca recuperar o papel das classes subalternas
na construção do Estado nacional e desafiar a visão tecida pela historiografia
tradicional em torno dos 'fundadores do império' e da insignificância dos
movimentos populares nesse processo. Desafia também as explicações centradas na
(antiga) história das mentalidades, que tratam como problemas culturais o que
na realidade são enfrentamentos práticos e conscientes que denunciam condições
de grande injustiça social. O estudo da autora inserta o movimento do
Quebra-quilo na longa corrente de rebeliões dos anos da Regência, as quais, na
segunda metade do século XIX, convertem-se em manifestações de resistência ao
Estado Nacional e de revolta contra medidas que, sem bem atendiam a uma lógica
de 'modernização' do aparelho administrativo e bélico do Império, ignoravam
direitos consuetudinários que estavam no centro da organização social das
comunidades de agricultores pobres livres do interior.
Meu comentário:
Concluída a leitura dos livros anteriores, começamos a deste livro muito interessante:
O texto faz uma
análise importante dos acontecimentos de 1874-1876, porém, inteligentemente,
numa relação dialética com o primeiro reinado, a abolição do tráfico de
escravos em 1851, e a evolução do império enquanto nação em construção e suas
visões a partir da elite política, com a cabeça na Europa do novecentos, a
eleite econômica, ainda com a cabeça no mercantilismo português do seiscentos e
a população com sua fidelidade dividida entre jesuítas - e seu jacobinismo
disfarçado - e os capuchinhos como elemento de integração entre a população
pobre e a autoridade estatal. Um livro brilhante e inteligente. Indispensável
sua leitura para a compreensão de um período histórico rico do Brasil!
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