Muitos
estão surpresos com a reação do técnico da seleção chinesa de ginástica, Huang
Yubin, após a derrota do seu pupilo para o brasileiro Arthur Zanetti nas
argolas! Há motivos?
Ora,
humildade é uma qualidade que é não só rara, mas uma qualidade que deve ser
buscada e apreendida, com muita educação, com muita preparação e com certeza,
com a busca de um ganho secundário que lhe permita ser instrumento de
auto-afirmação. Discordam?
Assim,
o técnico da seleção de ginástica, Huang Yubin, ficou indignado quando o atleta
Chen Yibing foi derrotado pelo brasileiro Arthur Zanetti nas argolas para o atleta que representa
nosso país, recebendo a tão cobiçada medalha de Ouro.
Disse
o treinador num momento de cólera, ao discordar da decisão dos árbitros, que o
episódio foi "um dia negro na história da ginástica.” Muitos ao criticar o
destempero no calor da derrota, acreditam que o técnico desrespeitou todos os
adversários e conspirou contra o ideal olímpico de congraçamento entre os povos.
Mas por que o técnico Huang Yubin tem que ser um exemplo de paciência
confuciana? Por que é Chinês, ou por que o ideal olímpico é de congraçamento dos
povos?
Bom,
a China, ou Império do Meio, há muito tempo deixou de ser um país onde os
ensinamentos de Confúcio eram respeitados e perseguidos como ideal de civilização.
Hoje a China é um grande player internacional, com vocação para tubarão e não
para cordeiro. É um país competitivo, com um povo ainda mais competitivo, que
quer vencer, que tem como meta não competir, mas esmagar o adversário. O treinador
asiático não foi infeliz em tentar desvalorizar o feito do brasileiro, foi
apenas um técnico que não se conformou com todo o investimento que fez e que
acredita que seu pupilo foi o melhor! Ocorre que a vitória do brasileiro Arthur
não pode ser atribuída apenas a um erro de arbitragem.
Há
ainda os indignados porque a China também foi vítima de destempero semelhante
quando Ye Shiwen de 16 anos venceu nas piscinas as americanas que eram favoritas e
o treinador executivo dos EUA para natação, questionou o desempenho e insinuou
doping. A mídia chinesa reagiu contundentemente.
Foi
contraditória a reação da China? Absolutamente não podemos dizer isso, porque o
perdedor nunca se conforma, até porque os jogos olímpicos modernos, desde a
década de 80, com a transformação destes em campanhas de marketing de produtos
esportivos, com milhares de dólares em propaganda e venda de espaço para a TV,
com carreiras milionárias de atletas, não há mais espaço para o cavalheirismo
das épocas do Barão Vermelho.
Infelizmente
ao analisarmos o comportamento do técnico de natação americano e do treinador de
ginástica chinês, percebemos que estes não perderam a oportunidade de
exercitar, na prática, a primorosa frase de um chinês que, há cerca de 2.500
anos, já sabia que presunção e incontinência verbal são algozes da justiça:
"O silêncio é um amigo que nunca trai"(Confúcio), mas antes denunciam
a verdadeira face dos humanos, sua falta de humildade e cavalheirismo, e
muito mais importante, demonstram o quanto os atuais Jogos Olímpicos são apenas
e tão somente um negócio, uma forma a mais para ganhar dinheiro, tanto por
parte dos atletas quanto por parte do país sede. Nada mais há de
confraternização entre os povos, e por tal, estes Jogos que vemos, já não têm
sob este aspecto, qualquer justificativa, o que os esvazia do maior de seus
conteúdos, talvez, da única razão de sua existência.
Saudações
especiais à determinação, ao compromisso e ao denodo de Arthur Zanetti, para
quem os comentários do chinês, absolutamente nada significam, os quais são
incapazes de toldar ou macular o ouro que reluz no peito do grande ginasta,
grande por sua tenacidade, grande por sua altivez, grande porque reconhecido
pelos juízes que o consideraram merecidamente o melhor!
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