Não posso e não devo acrescentar mais nada ao Texto de Hélio Schwartsman que foi publicado na FOLHA de 10 de agosto, após os textos que publiquei no blog nos últimos dias. Faço minha as suas palavras, reitero o absurdo e o estelionato cultural e político que se pratica contra os brasileiros!
HÉLIO SCHWARTSMAN
SÃO PAULO - O que eu
receava e já denunciara no início de junho aconteceu: o Congresso aprovou um
projeto de lei que reserva 50% das vagas em universidades federais para alunos
do ensino público e ainda cria um subsistema de cotas raciais. A norma deve
agora ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff.
A proposta é ruim e pode ter efeitos perversos.
Deveria ser rejeitada até por quem apoia ações afirmativas.
O primeiro problema é que ela ignora os mecanismos
sociopsicológicos que fazem com que jovens de estratos sociais mais baixos se
beneficiem de estudar com alunos ricos. É claro que a qualidade dos professores
e a estrutura da instituição importam, mas as dinâmicas de grupo também parecem
desempenhar um papel fundamental, como sustenta a psicóloga Judith Harris.
A ideia central é que, se você lançar uns poucos
estudantes cotistas num ambiente elitizado dizendo-lhes para nadar ou
afogar-se, muitos deles conseguirão dar suas braçadas. Ou eles adotam os
valores elitistas do grupo em que se encontram, ou ficam excluídos da vida
social, algo a que humanos têm horror.
Mas, se você atirar um número muito grande de
cotistas, esse efeito da socialização pelos pares tende a dissipar-se. O risco
é levar para a instituição de elite o mesmo conjunto de problemas que conspira
contra a eficácia das escolas frequentadas pelas camadas menos privilegiadas.
E, se isso ocorrer nas federais, ficamos com um
tremendo problema adicional, já que a quase totalidade da ciência produzida no
Brasil está concentrada nas universidades estaduais de São Paulo e em meia
dúzia de instituições da União.
O Brasil precisa ampliar com urgência o acesso ao
ensino terciário (nossas taxas de escolarização no nível superior são ridículas
na comparação com outros países), mas tem de fazê-lo sem sacrificar a qualidade
de suas poucas escolas de elite. Nessas horas, o populismo não ajuda.
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