Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

sábado, 11 de agosto de 2012

Populismo universitário




Não posso e não devo acrescentar mais nada ao Texto de Hélio Schwartsman que foi publicado na FOLHA de 10 de agosto, após os textos que publiquei no blog nos últimos dias. Faço minha as suas palavras, reitero o absurdo e o estelionato cultural e político que se pratica contra os brasileiros!
HÉLIO SCHWARTSMAN
SÃO PAULO - O que eu receava e já denunciara no início de junho aconteceu: o Congresso aprovou um projeto de lei que reserva 50% das vagas em universidades federais para alunos do ensino público e ainda cria um subsistema de cotas raciais. A norma deve agora ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff.
A proposta é ruim e pode ter efeitos perversos. Deveria ser rejeitada até por quem apoia ações afirmativas.
O primeiro problema é que ela ignora os mecanismos sociopsicológicos que fazem com que jovens de estratos sociais mais baixos se beneficiem de estudar com alunos ricos. É claro que a qualidade dos professores e a estrutura da instituição importam, mas as dinâmicas de grupo também parecem desempenhar um papel fundamental, como sustenta a psicóloga Judith Harris.
A ideia central é que, se você lançar uns poucos estudantes cotistas num ambiente elitizado dizendo-lhes para nadar ou afogar-se, muitos deles conseguirão dar suas braçadas. Ou eles adotam os valores elitistas do grupo em que se encontram, ou ficam excluídos da vida social, algo a que humanos têm horror.
Mas, se você atirar um número muito grande de cotistas, esse efeito da socialização pelos pares tende a dissipar-se. O risco é levar para a instituição de elite o mesmo conjunto de problemas que conspira contra a eficácia das escolas frequentadas pelas camadas menos privilegiadas.
E, se isso ocorrer nas federais, ficamos com um tremendo problema adicional, já que a quase totalidade da ciência produzida no Brasil está concentrada nas universidades estaduais de São Paulo e em meia dúzia de instituições da União.
O Brasil precisa ampliar com urgência o acesso ao ensino terciário (nossas taxas de escolarização no nível superior são ridículas na comparação com outros países), mas tem de fazê-lo sem sacrificar a qualidade de suas poucas escolas de elite. Nessas horas, o populismo não ajuda.

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