A lucidez de Hélio
Schwartzman na página 2 da FOLHA tem valorizado imensamente o primeiro caderno
do jornal.
Neste sábado, 11 de agosto
de 2012, dia do Advogado, ele faz um alerta sobre a discordância que apresenta
da proposta da Anvisa de passar a obrigar os pacientes a
apresentarem receita médica para comprar nas farmácias a imensa maioria das
classes de medicamentos, incluindo anticoncepcionais, anti-inflamatórios e
anti-hipertensivos. Como toda boa norma que cria dificuldades apenas para
espezinhar a populaçaão, tal exigência, que já existe no papel, não é
faticamente realizada, porque a Anvisa não cobra das drogarias que implementem
a regra.
Antes até de entrar nas objectões de Schwartzman sobre
mais este absurdo da ANVISA, chamo a atenção que não só no Brasil, mas no mundo todo, a burocracia tem o condão de
auto-reproduzir-se e de buscar criar sempre mais dificuldades para o cidadão
para vener-lhes facilidades. Mais que isso, imaginem o exército de servidores
que a ANVISA e as vigilâncias sanitárias municipais e estaduais teriam de ter
para efetivamente levar a termo tal fiscalização. Por óbvio que a prestação da
saúde no Brasil é tão cara, gastamos cada vez mais com fiscais, agentes,
auditores, e não temos dinheiro para médicos, enfermeiros e medicamentos.
Estou ainda mais em sintonia com Schwartzman quando
faz de sua primeira objeção aquela de ordem filosófica, à qual me associo
absolutamente em sintonia:
não cabe ao Estado atuar como babá do cidadão. Todo
mundo sabe que medicamentos podem produzir efeitos colaterais potencialmente
perigosos e, por isso, devem ser tomados apenas sob orientação médica. Se,
ainda assim, a pessoa insiste em apelar para o "do it yourself", é um
direito dela.
Isto mesmo, é um direito do cidadão fazer a escolha
entre o certo e o errado, e o Estado ao criar falsas espectativas de que é
capaz de controlar tudo, só cria novos monstros para devorar recursos públicos.
Salienta acertadamente ainda o colunista que existem
também razões de saúde pública para opor-se à medida. Cardiologistas, por
exemplo, têm uma dificuldade tremenda para obter a adesão de seus pacientes
hipertensos ao tratamento. Como a moléstia em geral não provoca sintomas, o
doente muito facilmente deixa de tomar as drogas prescritas. Estima-se que de
40% a 60% dos pacientes não sigam adequadamente o regime medicamentoso.
Raciocínio parecido vale para o diabetes e várias outras doenças crônicas.”
É uma estupidez dificultar acesso aos medicamentos de
uso contínuo. Apenas nas escrivaninhas de iluminados burocratas distantes da
realidade que se pode vislumbrar a utilidade da nefasta ideia de criar ainda
mais obstáculos para que o cidadão tenha acesso aos medicamentos.
Sabemos todos que tanto o sistema público quanto o privado
estão saturados, não por falta de médicos, mas pela desinteligência do sistema
e pela sua burocratização estulta. Onerar o cidadão ainda mais com consultas
burocráticas para revalidar prescrições é apenas reflexo de uma mentalidade
macunaímica.
Na realidade a ANVISA hoje só serve para fazer greves,
atrasar liberação de cargas de medicamentos essenciais, fazer com que a saúde
do brasileiro fique sob perigo porque os produtos estão vencendo dentro de
contêineres em portos e aeroportos. Impostos, excesso de fiscalização inútil,
burocratização, são as verdadeiras razões do descalabro da farmácia no Brasil.
Mas como o brasileiro acha que está bom, vamos
continuar acreditando neste pantagruélico Estado.
Mas não esqueçamos brasileiros, quanto mais Estado,
mais corrupção, quanto menos Estado, menos corrupção. Mais Estado, mais
cidadãos alienados de seus direitos, quanto menos Estado, mais cidadãos
responsáveis pelo seu destino e pelas suas escolhas.
Dia 07 de outubro está aí, a escolha é sua!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sentir, Pensar, Expressar! A Intenet tornou possível a qualquer homem, a qualquer mulher, expressar tão livremente seu pensamento e seus sentimentos, quanto o são em realação ao seu existir! Eis o resultado!